O leitor Tadeu Scuzziato Filho manda à coluna este exercício poético do poeta maior Nilson Monteiro. Com recomendação: “que os enclausurados pela pandemia façam bom proveito dessa criação inigualável”:
VESPERTINO
Nilson Monteiro
Quero de novo
ver tua gema de sol
morrendo em silêncio
Quero de novo
pisar teu chão cariado
capim gordura nascente
Quero de novo
mugir com teus bois
das cicatrizes do pasto
Quero de novo
respirar teu ar abafado
a desmaiar com as cigarras
Quero de novo
vislumbrar de cima do pontilhão
a unir escuro e sonhos
Quero de novo
olhar o finito de tuas telhas
e a paz de suas cruzes
Quero te novo
te abraçar abraçado
pelos badalos do sino do Ângelus
Quero de novo
estar em você
vivos no sonho do reencontro