Pellanda, com Márcio Renato dos Santos e Aroldo M.G. Haygert, em lançamento de livro de Marcio, no Museu Guido Viaro
Um dos mais importantes escritores em atividade em Curitiba e, por consequência, no Paraná, é o curitibano Luís Henrique Pellanda.
Ele está na pista literária, como dizem, desde 2009: estreou com o livro de contos O macaco ornamental, pela editora carioca Bertrand Brasil. A obra já revelou a capacidade de fabulação, domínio do uso da palavra escrita, além de ampla cultura denunciada nas linhas, entrelinhas e citações, principalmente indiretas.
Em 2011, o autor publicou, pela editora gaúcha Arquipélago Editorial, Nós passaremos em branco, coletânea de textos breves apresentados como crônicas, e não contos – apesar de a prosa de Pellanda borrar os limites entre a crônica e o conto, é o real flertando com o imaginado. Esse livro obteve mais visibilidade, inclusive ficou entre os 10 finalistas do Prêmio Jabuti, categoria conto-crônica, em 2012 – o que ampliou o cacife do autor.
PONTO DE VIRADA
Mas o ponto de virada aconteceu com o livro Asa de sereia, publicado nos últimos dias de 2013 pela casa gaúcha Arquipélago Editorial. Novamente, textos anunciados como crônicas, apesar da semelhança com o conto ser incrível.
Então, no dia 31 de janeiro deste ano, o jornal O Estado de S. Paulo traz na capa uma foto de Pellanda e, na página 5 do Caderno 2, uma matéria assinada por Ignácio de Loyola Brandão com o título: “Em livro de crônicas, Pellanda lança olhar afetuoso e irônico sobre Curitiba”.
O renomado escritor paulista consagrou o curitibano, sem economizar elogio e entusiasmo. Brandão foi fundo na análise: “Há uma Curitiba real e outra imaginária, ele cultua fantasmas ainda não arquivados, retratando-os em suas crônicas. Crônicas imperdíveis, para serem lidas lentamente, como um livro de horas.” Na edição de fevereiro de 2014, a revista Cult chega com um texto da filósofa e escritora Marcia Tiburi endossando Pellanda: “Mas como ele consegue, eu penso, como ele consegue escrever tão bonito, sobre uma vida que todos consideram tão feia e se esforçam por fingir que não existe? É que Pellanda, o grande cronista contemporâneo, não tem medo do que escreve sobre o mundo em que vive. O cronista é, além de um inocente e um corajoso, alguém que permanece vivo num mundo de zumbis.”
NA REVISTA IDEIAS
No entanto, ainda em 2013 foi publicado um instigante texto respeito de Asa de sereia na revista Ideias, do jornalista e escritor Fábio Campana. A resenha “Pellanda na arrebentação”, de autoria do escritor e jornalista Marcio Renato dos Santos, faz uma radiografia da proposta literária de Pellanda: qual o cenário que o cronista incorpora em sua prosa, o cuidado com o texto e a originalidade.
“As crônicas de Pellanda, é importante ressaltar, são diferentes. De praticamente tudo o que é escrito e publicado por aí. O mundo que ele apresenta – ambientado em Curitiba, às vezes nas areias da praia de Guaratuba, a partir de frases espetaculares – é só dele”, escreveu Marcio, que foi colega de Pellanda na turma de jornalismo da PUCPR em 1992 – turma essa que inclui Eduardo Aguiar (hoje um dos chefe de redação da Gazeta do Povo), Heros Schwinden (da comunicação da Fundação Cultural de Curitiba), Carolina Castor Lohmann (hoje morando na Alemanha) entre outros – assunto para outra coluna.
O fato é que, enfim, Luís Henrique Pellanda começa a se afirmar em âmbito nacional de maneira sólida e irreversível. O que, entre outros efeitos, provoca dor de barriga, urticária e insônia entre muitos curitibanos, sejam escritores, mas sobretudo naqueles que são artistas sem obra, ou seja, aspirantes a escritores que não ousam uma linha sequer.