Feito importantíssimo e que ajuda a dimensionar valores paranaenses no plano acadêmico mundial: em outubro de 2014, o curitibano Jamil Iskandar embarcará para Paris (França) onde terá a missão de ser o responsável pelos estudos islâmicos do Museu do Louvre.
Ele atualmente leciona na INIFESP, de São Paulo, depois de, como pós doutorado em Filosofia, ter lecionado na PUCPR por vários anos.
Ao registrar feito tão importante, recorro ao que escreveu sobre Iskandar em 2008 o Jornal Universidade do Instituto Ciência e Fé de Curitiba:
Em português, primeira vez
“A primeira tradução para português da obra “A Arigem e o retorno”, de Ibn Sina (980-1037), um dos maiores filósofos do mundo árabe, é mérito do paranaense Jamil Ibrahim Iskandar, professor titular da Universidade Católica do Paraná, mestre e doutor em Filosofia Medieval. O feito inédito desperta interesse nos círculos filosóficos internacionais, pois o livro é também o primeiro a oferecer uma tradução do árabe para qualquer outro idioma. Até então o texto completo estava disponível apenas na sua versão original.
Pensamento medieval
Lançado recentemente pela Editora Martins Fontes, de São Paulo, o trabalho de Jamil Iskandar propicia o acesso a novos elementos do pensamento medieval, enriquecendo ainda mais o arsenal de conhecimentos para o estudo da filosofia. Pouco conhecida, essa obra contém os elementos essenciais da metafísica de Ibn Sina. Buscando sempre uma aproximação entre a filosofia e a religião muçulmana, o filósofo tenta mostrar o itinerário da alma humana desde a sua chegada ao mundo dos corpos até o retorno ao seu Criador. Fala da existência de Deus e detalha os seus atributos numa perspectiva lógico-metafísica.
Fundamental na medicina
De origem persa, Ibn Sina, ou Avicena, como é denominado no Ocidente, deu mostras desde muito cedo de sua versatilidade intelectual. Além da sua importância no campo da filosofia, inclusive na difusão do pensamento dos antigos gregos, ele foi fundamental para a medicina, que até o século 17 se desenvolveu com base em suas teorias. Um prodígio, aos 16 anos Avicena conhecia profundamente teologia, filosofia, astronomia, matemática, literatura. Aos 18 já era médico. Viveu numa época culturalmente rica, de domínio árabe muçulmano sobre a Pérsia (atual Irã). Teve à sua disposição as traduções para o árabe de grande parte das obras de Aristóteles e Platão, e dedicou-se profundamente ao estudo desses pensadores.
Projetos definidos
O livro de Jamil Iskandar originou se de uma tese de doutorado em Filosofia desenvolvida e apresentada na Unicamp. Foi também tema de sua tese de pós-doutorado na Universidade Complutense de Madri. Nascido de uma família de imigrantes libaneses instalados em Curitiba na década de 30, Iskandar manteve os laços com a cultura de seus familiares. Teve o árabe como língua materna e viveu no Líbano durante oito anos – dados que o credenciam a realizar seus estudos diretamente sobre os textos originais, bem como a traduzi-los com perfeição. Além de 26 anos dedicados à Filosofia, Iskandar presidiu até o mês passado a Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná. O professor e filósofo tem novos projetos editoriais encaminhados, entre os quais a publicação da tradução de outro filósofo árabe, Al Farab, resultado de dois anos de pesquisas sobre “o caminho da felicidade”.
No canal de entrevistas
A propósito ainda do mestre Iskandar: ele será um dos próximos convidados para o Canal de Entrevistas (www.youtube.com/caiomail) em 2014. Ele é Pós-Doutor em Filosofia pela Universidade Complutense de Madri (Espanha) e atualmente leciona na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Também foi Presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná.
O Canal de Entrevistas é de Caio Martins, universitário de Letras.