segunda-feira, 30 dezembro, 2024
HomeMemorialPara lembrar momentos do grande “Anjo da Guarda”

Para lembrar momentos do grande “Anjo da Guarda”

Agora é um prédio depredado (foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)
Agora é um prédio depredado (foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Durante a última semana, reportagem em um dos jornais locais mostrou o estado de abandono em que se encontram as antigas instalações da Escola Anjo da Guarda, que durante quatro décadas funcionou na Rua Treze de Maio. O imenso imóvel, que praticamente ocupa a quadra formada pelas ruas Treze de Maio, Almirante Barroso e parte da Carlos Cavalcanti, é hoje um grande mocó. Apesar do isolamento de portas e acessos, a área foi invadida e põe em risco a segurança dos vizinhos.

CELEIRO DE TALENTOS

Atualmente administrada pelo Grupo Marista – e instalada em Santa Felicidade -, durante cerca de 40 anos a velha escola foi capitaneada pela mestra Vera Miraglia, educadora por excelência e formadora de gerações de profissionais altamente capacitados. Vera soube, de forma competente, transformar o pequeno núcleo de ensino originalmente instalado na Rua Comendador Fontana (onde hoje funciona o Laboratório Frischmann Aisengart) em uma verdadeira usina de conhecimento. Aos poucos, as instalações da Rua Treze de Maio se expandiram, literalmente ganhando fronteiras que se estenderam às ruas Carlos Cavalcanti, João Manoel e Almirante Barroso.

VERA MIRAGLIA

Não só o alargamento do espaço físico destacou o Anjo como centro de educação primoroso, mas, sim, a capacidade de um quadro de professores altamente capacitado, tendo Vera Miraglia à frente. O lúdico e o técnico, a poesia e a tecnologia, sempre estiveram unidos, tornando o conhecimento algo mágico. Da infância à adolescência, milhares de alunos, durante décadas, ocuparam as salas de aula, brincaram no pátio com seu desenho propositalmente disforme e permitindo ginásticas inimagináveis, ou ocupando a cancha de esportes após o período letivo. A desejada socialização era, é e continua sendo o objetivo maior desse endereço. A escola foi, e é, um celeiro de aprendizes do moderno empreendedorismo, sem perder a poesia.

CONTROLE MARISTA

Mas o grande número de alunos, as dificuldades financeiras e o cada vez mais reduzido espaço, na Rua Treze de Maio, exigiram a busca de novos horizontes, culminando com o controle do educandário pelo Grupo Marista, em 2017, agora nas amplas e modernas instalações de Santa Felicidade. O silêncio tomou conta das antigas instalações centrais, e com ele, as lembranças das milhares de levas de estudantes que forjaram o conhecimento num local que hoje é um ícone e endereço infinito de saudades e lembranças.

NOVO POLO CULTURAL?

Quem mora nas redondezas ou passa no local e vê a ruína em que gradativamente se transforma o que ainda há pouco era referência de ensino, em pleno centro, se pergunta do porquê de vândalos, de forma impune, tomarem o espaço, colocando em risco a vizinhança. A pergunta é: não caberiam à iniciativa privada ou ao poder público estudos tornando o endereço um novo ponto de cultura, dada a importância histórica? Vera Miraglia e toda a comunidade do velho Anjo da Guarda agradecem, enquanto assistem ao desmoronar dos sonhos.

Fachada da Escola na Rua Almirante Barroso
Fachada da Escola na Rua Almirante Barroso
A Escola, quando ainda funcionava na Rua 13 de Maio com Almirante Barroso (foto: Gazeta do Povo)
A Escola, quando ainda funcionava na Rua 13 de Maio com Almirante Barroso (foto: Gazeta do Povo)
Leia Também

Leia Também