
Para o ano de 2022, as religiões de matrizes afro estarão presentes em novo momento do “Caminhos do Sagrado”. A falta de agenda impediu o Instituto Ciência e Fé der Curitiba de colher opinião relevante de personagem que centraliza um dos endereços mais significativos da umbanda em Curitiba, a jornalista Lucilia Guimarães. Ela sucedeu seu pai, Fernando Guimarães (in memoriam) no comando do Terreiro Pai Maneco, que funciona na estrada nova de Colombo, atrás do Cemitério de Santa Cândida.
Semanalmente milhares de curitibanos dirigem-se àquele centro, em busca de “refrigério espiritual e orientações”, como explica um professor da UFPR, frequentador daquele espaço. Em breve entrevista, em parte motivada por algumas leituras sobre as religiões afrobrasileiras – como os livros de Antônio Risierio, um deles seminal – Orikis Orixás” -, Lucilia fala de suas crenças e da realidade umbandista em Curitiba: P) Lucília, há uma estatística confiável sobre números de adeptos de religiões afro em Curitiba? R) Em Curitiba o público adepto é de aproximadamente 30 mil pessoas. É pouco, perto da população, mas consideramos que já é uma vitória este número.
O que acontece é que muitas pessoas que são freqüentadores, e até médiuns que participam de correntes, não se declaram umbandistas. Acredite, muitos se dizem católicos ou espíritas.
P) Vocês sofrem, hoje em dia, como aconteceu no passado em todo Brasil, algum tipo de perseguição?
R) Sim, os umbandistas ainda são perseguidos, especialmente aqueles que possuem Terreiros pequenos, e com vizinhos que são intolerantes.
P) Os meios de comunicação apóiam ou trabalham contra as matrizes afro?
R) Uma certa mídia associa a nós notícias de pessoas que se declaram de forma maldosa “Pai/Mãe de Santo” para extorquir pessoas. Aproveito o espaço para dizer que a nossa filosofia é da caridade, ou seja, não há cobrança para realização de trabalhos espirituais.
P) Há, por parte de vocês, sacrifícios de animais?
R) Nós não matamos animais e nem fazemos uso do sangue. O nosso trabalho é pautado na força da natureza, seja da energia que se absorve e transmuta após o contato com o mato, com a cachoeira, com o mar. Não há cenário sombrio em nossos trabalhos. Somos pessoas que emitimos palavras de paz, que estendemos as mãos para quem não tem um apoio. Combatemos o mal com o amor.