quinta-feira, 17 julho, 2025
HomeMemorialOPINIÃO DOS OUTROS: DIZ-ME DO QUE ME ACUSAS E TE DIREI QUE...

OPINIÃO DOS OUTROS: DIZ-ME DO QUE ME ACUSAS E TE DIREI QUE NADA SABES

O teatro político brasileiro atual tem nuances de ridículo circense.

 

Franklin Roosevelt e Golbery do Couto e Silva

Por Antenor Demeterco Jr (*).

Apoiar o governo significa ser fascista, criticar o governo significa ser comunista. Com este fraseado imbecilizante minimiza-se o espectro do que foram o fascismo e o comunismo na História. Palavras do ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945) surgem na boca de políticos da nossa paróquia, possivelmente com o desconhecimento de sua origem.

Lembro que o general Golbery do Couto e Silva (1911-1987) falava em um viver perigosamente, “vivere periculosamente”, discurso dos espalhafatosos camisas negras. Golbery, convém lembrar, foi um dos artífices da redemocratização brasileira. Um contemporâneo seu, candidatíssimo frustrado à presidência da República, eleitor do primeiro governante militar, general Humberto do Alencar Castelo Branco (1897-1967), não deixou por menos: “Navegar é preciso”, ou seja, o “navigare necesse” mussoliniano (“Os Fascismos” de Thierry Buron e Pasca Gauchon). Melhor teriam dito remar é preciso, pois aos braços do povo debita-se o esforço nacional. O presidente Bolsonaro inadvertidamente sucumbiu à frase “É melhor viver um dia como leão do que cem anos como cordeiro”. E com isto, mais uma vez, municiou seus adversários que espiolham suas tendências, doidos para carimbá-lo como autoritário golpista. A frase é impactante, mas Benito Mussolini acabou até o fim de sua existência como servil coadjuvante da fera nazista. Morreu fuzilado, possivelmente com farda alemã, tendo sido preso assim vestido.

 

FRANKLIN ROOSEVELT

O homem que forneceu os meios materiais de seu país para destruição bélica do fascismo, Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), não escapou de uma aproximação (das iniciativas econômicas) com este regime, no dizer de alguns. No panorama político americano conservador, é tido como esquerdista. Meras frases, pronunciadas inadvertidamente, não são indícios de autoritarismo. Em novembro de 1943, em Verona, no congresso do Partido Fascista Republicano, transformado em verdadeira “bagunça” (no dizer do próprio Mussolini), pregou-se até a abolição do direito de propriedade. Pairou no ar a pergunta: qual a razão de terem lutado 20 anos contra o comunismo? (“Mussolini” de Pierre Milza, p. 428). As acusações que, no Brasil, são feitas contra rivais políticos mostram ululantemente que não sabem os inconformados o que dizem.

O fascismo como regime está enterrado, mas seus métodos de governo sobrevivem, basta uma passagem de olho pelos regimes comunistas que insistem em sobreviver.

(*) ANTENOR DEMETERCO JR., desembargador aposentado do TJPR, advogado, especialista em História do século 2º.

Leia Também

Leia Também