Por Thiago Biazetto* – Todo mês de junho, um ritual de criatividade acontece na Riviera Francesa. Não é moda. Não é cinema. Ou melhor, é tudo isso – e mais um pouco. É o Festival de Cannes Lions, o epicentro global da publicidade, onde agências, anunciantes, veículos, plataformas e mentes criativas do mundo inteiro se encontram para discutir o presente e o futuro da comunicação.
Mais do que uma premiação, Cannes é um palco onde ideias ganham vida. São cinco dias intensos, repletos de painéis, palestras e workshops, que abordam desde os formatos clássicos como filme e mídia impressa até categorias como Creative effectiveness, Glass Lions, Health, e B2B, refletindo o quanto o festival vem evoluindo junto com o mercado.
Este ano, tive o privilégio de estar lá mais uma vez – ao lado do meu diretor de criação, Waldemar Segundo, representando a TIF Comunicação. Estar em Cannes não é algo trivial. É caro, é denso, é seletivo. Mas também é um privilégio raro para quem vive da criatividade aplicada aos negócios.
A pauta da vez: IA vs Criatividade Se existisse um termômetro temático do festival em 2025, ele apontaria, sem dúvida, para a inteligência artificial. Quase todos os painéis tocavam o assunto: será que a IA vai substituir os criativos ou será que ela pode ser uma aliada poderosa?
Minha visão é clara: a IA é uma ferramenta, não um fim. É uma assistente que amplia as capacidades humanas – e não uma ameaça que as substitui. As máquinas podem gerar imagens, textos, sons, mas ainda não dominam a emoção, o contexto e a intuição. E, no final do dia, é isso que conecta marcas a pessoas.
Entre o desfile criativo e o dia a dia das marcas, Cannes também tem seu lado “alta-costura”. Muitas campanhas premiadas são o prêt-à-porter da publicidade: ousadas, artísticas, provocadoras. São desfiles criativos que mostram até onde podemos ir.
Mas para quem vive o dia a dia de clientes reais, com metas, budgets e desafios locais, o que mais importa é entender como essas ideias se traduzem em estratégias práticas. O festival também é sobre isso: como gerar valor de marca num mundo obcecado por performance. Hoje, o branding voltou ao centro da conversa. Performance importa, mas sem marca forte não há longo prazo. As grandes discussões em Cannes reforçam essa virada: como criar marcas com valores, propósitos claros e atitudes reais, que se conectem de forma verdadeira com as pessoas.
O que fica depois de Cannes
Volto de Cannes com a certeza de que a criatividade continua sendo o principal diferencial competitivo das marcas. Não a criatividade solta, sem propósito. Mas a criatividade que resolve problemas, que constrói narrativas e que, com a ajuda de dados e tecnologia, pode gerar impacto real. Cannes nos lembra que a comunicação não é sobre canais. É sobre histórias bem contadas, ideias bem executadas e marcas bem-posicionadas.
E é por isso que seguimos voltando: para beber direto da fonte, refletir, aprender e, principalmente, aplicar. Porque no fim das contas, o nosso trabalho não é ganhar prêmios. É fazer com que nossos clientes ganhem relevância.
Thiago Biazetto é CEO da TIF Comunicação