segunda-feira, 20 outubro, 2025
HomeOpinião de ValorO diplomata negro que fez do conflito um caminho para liberdade

O diplomata negro que fez do conflito um caminho para liberdade

Assessoria – Atual Ministro-Conselheiro na Embaixada do Brasil na Etiópia, o diplomata Jackson Lima vem ao Brasil para uma série de encontros e palestras com o propósito de compartilhar sua visão sobre gestão de conflitos, comunicação não violenta e o poder do diálogo na transformação pessoal e social.

Mestre em Análise e Resolução de Conflitos pela Universidade George Mason (EUA), com cursos em Negociação pelo MIT e em Mediação por Harvard, Jackson está entre os poucos brasileiros com certificação internacional em Comunicação Não Violenta (CNV). Atualmente, ocupa a segunda posição na Embaixada do Brasil na Etiópia e, neste mês, cumpre agenda em Curitiba (PR) e São Paulo (SP).

Natural de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, Jackson nasceu em uma família simples e cresceu ouvindo da mãe, professora, uma frase que se tornaria lema de vida: “Só o conhecimento vai te libertar.” “Nasci negro e pobre no interior da Bahia. Minha mãe me ensinou a acreditar que a educação seria o meu caminho para a liberdade”, relembra.

Antes de ingressar na diplomacia, Jackson trilhou outros caminhos. Formou-se em Letras pelo Instituto Superior de Educação da Bahia e trabalhou como professor de português e inglês. Mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou Fisioterapia e atuou na área até decidir perseguir o sonho antigo de ser diplomata. Durante a preparação para o concurso do Itamaraty, enfrentou dificuldades com a disciplina de economia e precisou contratar aulas particulares, custeadas com o apoio do Programa de Ação Afirmativa (PAA), que concede bolsas a candidatos negros e pardos para ingressar na diplomacia.

“Se não fosse o apoio do Estado brasileiro, eu nunca teria passado. O Estado tem uma obrigação moral de corrigir o desequilíbrio racial no Brasil. A diversidade enriquece a diplomacia”, afirma.

Em 2008, Jackson foi um dos beneficiários do programa, antes mesmo da criação da Lei de Cotas, e iniciou uma carreira marcada por passagens pelas embaixadas do Brasil na Nigéria, Zâmbia, e na missão do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. Em Brasília, trabalhou no Departamento de África do Itamaraty.

Mais do que cargos e títulos, ele carrega uma filosofia de vida construída a partir da escuta, do autoconhecimento e da prática do diálogo. “O conflito é semente de transformação. Ele carrega o potencial da mudança quando conseguimos atravessá-lo e não apenas vencê-lo”, afirma.

Essa visão o levou a aprofundar-se em estudos de paz, budismo e comunicação não violenta, que hoje fundamentam sua atuação como palestrante e formador.

Entre suas frases mais marcantes estão reflexões que sintetizam sua trajetória:

“Conhecimento liberta.”

“Conflito não é muro, é ponte.”

“Transformar o conflito é construir liberdade.”

“Você não precisa vencer a conversa — precisa atravessá-la.”

Para Jackson, a forma como nos comunicamos molda a sociedade em que vivemos.“A emoção não é fraqueza; é bússola. Quem não escuta o outro, repete o conflito.” Sua jornada, de ajudante de pedreiro a diplomata, tornou-se exemplo vivo do poder transformador da educação como instrumento de ascensão e de reparação histórica.
Agora, com sua nova passagem pelo Brasil, Jackson busca inspirar pessoas e instituições a enxergarem o diálogo como o ponto de partida para qualquer mudança duradoura.“Eu nunca perco: ou ganho, ou aprendo. Essa é a mentalidade que me move e que quero inspirar nos outros”, conclui.

Jackson Lima – Diplomata, Mestre em Resolução de Conflito e Negociação (George Mason/Harvard/MIT)

  • Agenda no Brasil: Curitiba e São Paulo (a partir de 18/10 em Curitiba e em São Paulo – datas a confirmar)
  • Temas: Gestão de conflitos, Comunicação Não Violenta, Transformação pessoal e social, Diversidade e Diplomacia
  • Contato: Valquiria Marchiori (41) 98704-9246
Leia Também

Leia Também