Assessoria – O Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, realizou nesta sexta-feira (7) a cerimônia de abertura do Novembro Negro 2025, com o tema “Respeito, Ancestralidade e Identidade: Pelo Fim do Racismo Religioso na Saúde”. A atividade marcou o início das ações conjuntas de instituições federais de saúde do estado voltadas à prevenção e ao enfrentamento do racismo no Sistema Único de Saúde (SUS).
A campanha deste ano está alinhada ao Plano de Ação da Estratégia Antirracista e ao Plano Setorial de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e às Discriminações no Trabalho na Saúde, reforçando o compromisso do Ministério da Saúde e de suas instituições com uma rede pública plural, inclusiva e antirracista.
Durante o evento, foram apresentados dados do Dossiê Crimes Raciais 2020, do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP), que apontam uma média de mais de 70 vítimas de discriminação racial por mês no estado. Segundo o levantamento, 58,2% das vítimas são mulheres e 42,9% não conheciam seus agressores. Quatro em cada dez casos ocorreram em espaços públicos, sendo a Zona Oeste a região com o maior número de ocorrências.
Esses números evidenciam que o racismo, inclusive o religioso, é um fenômeno estrutural e institucional, exigindo respostas firmes e contínuas das políticas públicas e do sistema de integridade do Estado.
O diretor-geral do INCA, Roberto Gil, destacou que falar de saúde é também reconhecer a espiritualidade como parte do cuidado integral:
“Falar de saúde é falar de corpo, mente e espiritualidade. É reconhecer que o cuidado não cabe em um único molde, que nossas crenças, saberes e tradições também são fontes de cura e resistência. Saúde sem racismo religioso é um chamado à empatia, à escuta e à reparação. É garantir que cada pessoa seja acolhida com respeito, seja qual for a sua fé ou forma de viver a espiritualidade”, afirmou.
A superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, Cida Diogo, parabenizou as equipes envolvidas na construção do Novembro Negro e ressaltou a importância da união e da memória histórica na luta pela igualdade racial e pela liberdade religiosa.
“Essa iniciativa é resultado de coragem e disposição para mexer com corações e mentes sobre uma questão que é tão cara para o nosso povo. Que as atividades do Novembro Negro nos inspirem a continuar lutando por políticas que garantam cidadania e direitos à população negra, em especial o direito à liberdade religiosa”, declarou.
A programação do Novembro Negro seguirá ao longo de todo o mês, com debates, rodas de conversa, apresentações culturais e atividades educativas voltadas à valorização da ancestralidade e ao combate a todas as formas de discriminação no âmbito da saúde pública.
