Por Marcus Gomes – Na era da iconoclastia perdulária, é bom saber que a placa de bronze que homenageia a travesti Gilda, inaugurada na Rua XV de Novembro, em abril do ano passado, permanece intacta.
Gilda era Gilda de Abreu (foto), batizada Rubens Aparecido Rinque, nascida em setembro de 1950, em cidade do interior do Paraná, e falecida em Curitiba, em 1983, supostamente vítima de meningite purulenta e cirrose hepática, um misto de doenças debilitantes e mortais.
Por um troco a mais
Moradora de rua, ela desfilava andrajosa pelas Boca Maldita, abordando pedestres com a frase “uma moeda ou um beijo”. O ato transgressor e os lábios sempre pintados de batom vermelho a tornaram personagem da cidade. “A primeira gay de Curitiba”, diziam os amigos. Os inimigos a destratavam.
Pendura cruel
Um bar batizado com o nome da travesti, nos arredores da Praça Osório, no centro da capital, teve vida curta. Fechou as portas depois de acumular um calote gigante de clientes que, se não tinham moeda, sequer penhoraram o beijo. Gilda não aprovaria essa atitude.
Trabalho duro
Zeladores urbanos da Associação dos Condomínios Garantidos do Brasil (ACGB) estão concentrando esforços na revitalização das calçadas de petit pavê da Praça Rui Barbosa, onde ficam localizados os terminais de ônibus de Curitiba.
O trabalho, que faz parte do projeto Passeio Nota 10, é meticuloso. Os zeladores abrem um buraco na área danificada, despejam areia e cimento, e depois martelam as pedras, tomando o cuidado para que elas combinem com o desenho da calçada.
Capivara na berlinda
Um dos símbolos da cidade de Curitiba e de outras capitais do país – caso de Cuiabá (MT) – a capivara viu seu nome arranhado na semana passada depois da morte de uma dentista e de seu namorado no município de Campinas (SP), vítimas de febre maculosa.
Mantenha distância
A doença é transmitida pelo carrapato-estrela, cujo hospedeiro é o roedor. Campanhas de prefeitura já vinham chamando a atenção dos curitibanos para que evitassem fazer selfies abraçando o bicho. Um dos motivos: apesar de aparentar docilidade, os animais podem atacar. Agora fica mais um alerta: a capivara abriga o vetor de uma doença mortal.
Tenha medo
Ambientalistas acostumados a “abraçar árvores”, estas inofensivas, vinham defendendo uma versão fauna da campanha. Nem pensar. A doença é grave e, segundo especialistas, apresenta sintomas iniciais que se confundem com os da dengue.
Quem errou?
Recentemente, o Ibama recebeu críticas nas redes sociais por apreender um filhote de capivara que certo influencer digital havia “adotado”. O tempo mostrou que o órgão governamental tinha razão.
Relembre o que o professor Aroldo Murá escreveu sobre Gilda em 2019:
Quase 3 anos depois, cidade ignora projeto e “Praça de Bolso da Gilda” não sai do papel