sábado, 4 outubro, 2025
HomeColunas do MuralNegócios & Gente: Tarifa dos EUA ameaça setor florestal

Negócios & Gente: Tarifa dos EUA ameaça setor florestal

Por Aline Cambuy – A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos florestais processados do Brasil já começa a impactar diretamente a indústria paranaense de base florestal, especialmente nas cadeias ligadas ao pinus. O setor, que lidera a produção nacional da espécie, registra suspensão de exportações, redução de estoques e férias coletivas em algumas empresas.

A sobretaxa anunciada no dia 30 de julho afeta itens como madeira serrada, painéis, portas, móveis e molduras, itens processados a partir de florestas plantadas de pinus e eucalipto, carro-chefe da silvicultura paranaense. O presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas), Fabio Brun, alerta para a gravidade da medida. “Justamente no que o Paraná é bom, onde se destaca, vamos ser taxados de forma muito forte e veemente”, afirma.

Embora a celulose química (solúvel, soda, sulfato, sulfito), celulose semiquímica, celulose de papel reciclado ou bambu e o ferro-gusa à base de carvão vegetal tenham ficado de fora da tarifação, os prejuízos à cadeia produtiva são considerados relevantes. Segundo Brun, os volumes destinados aos EUA não são facilmente redirecionados a outros mercados, o que torna o ajuste lento e oneroso. “Buscar novos compradores é um trabalho de médio prazo e muitas vezes exige redução de preços.”

O setor florestal é hoje o maior exportador do agronegócio brasileiro, com receita de US$ 3,7 bilhões, dos quais US$ 1,7 bilhão vêm da região Sul. O Paraná responde por cerca de 50% da produção nacional de pinus e por 15% dos empregos do setor em todo o país.

Além do impacto econômico, a APRE chama atenção para o aspecto social da crise. Muitas das empresas atingidas mantêm projetos voltados à saúde e ao desenvolvimento local. “A área social também poderá ser bastante afetada com essa retração”, diz Brun.

A entidade também critica o viés político da decisão norte-americana, considerada contraditória em um momento de valorização das florestas plantadas como alternativas sustentáveis no combate às mudanças climáticas. “É difícil entender por que estamos sendo penalizados dessa forma, em um movimento que não tem base técnica, comercial ou regulatória como estamos habituados, mas sim política”, avalia.

A APRE deve apresentar nos próximos dias uma série de pleitos ao governo estadual, entre eles: financiamento subsidiado via BRDE para a folha de pagamento, antecipação de créditos de ICMS para exportadores e programas de estímulo ao uso da madeira. Para Brun, é preciso agir com rapidez. “Faltou uma condução à altura dessa crise. O risco é de retrocessos econômicos e sociais profundos.”

Se você conhece uma história inspiradora de gente ou de uma empresa que mereça ser contada, ou se tem uma sugestão de tema que gostaria de ver por aqui, escreva para negociosegente@gmail.com. Vai ser um prazer te ouvir!

*Aline Cambuy é jornalista com mais de 20 anos de experiência e atua na área da comunicação empresarial. Estudante de Psicologia, une seu olhar crítico e humano para construir narrativas que conectam pessoas e negócios.

Leia Também

Leia Também