Por Aline Cambuy* – Uma inovação desenvolvida no Paraná está transformando os padrões de identificação civil infantil no Brasil e no mundo. O estado é o primeiro do país a implantar a biometria neonatal em 100% das maternidades públicas, garantindo a identificação de recém-nascidos desde a primeira hora de vida.
O projeto Bebê ID é resultado de uma parceria entre o Governo do Paraná, o Tribunal de Justiça do Estado (TJPR) e a empresa paranaense INFANT.ID™. A iniciativa protege os bebês contra riscos como troca de crianças, sequestros e adoções ilegais, além de prevenir o sub-registro civil, que ainda está presente em regiões vulneráveis.“Trata-se de uma solução inovadora para dar mais segurança e dignidade às famílias. De agora em diante, as nossas crianças sairão do hospital já identificadas e protegidas. É mais uma medida pioneira que o Paraná desenvolve e que servirá de exemplo para o Brasil”, afirmou o vice-governador Darci Piana.
Antes da implementação em escala estadual, a tecnologia foi testada com sucesso em um projeto-piloto no Hospital do Trabalhador, em Curitiba, onde mais de 5 mil coletas foram realizadas ao longo de dois anos.
Por trás dessa solução de alta precisão, que captura impressões digitais até mesmo de prematuros, com mais de 5 mil dpi de resolução, está uma história de empreendedorismo com propósito: contribuir para a segurança das crianças em todo o mundo. Desde 2013, a INFANT.ID™ investe em pesquisa e desenvolvimento com esse objetivo. “Nosso sonho é que, no futuro, seja impensável que um sistema de identificação deixe as crianças para trás”, afirma a CEO, Thais Akiyama.

Além do Paraná, a tecnologia já foi adotada por estados como Mato Grosso, onde mais de 10 mil crianças foram identificadas desde 2021. Goiás, São Paulo e Piauí também estão em fase de implantação. A solução tem patente do governo dos Estados Unidos e é homologada por órgãos como o FBI e o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), o que impulsiona seu interesse internacional. Atualmente, países como Uruguai, Peru, México, Nigéria, Venezuela e Arábia Saudita já utilizam o sistema.
Com cerca de 140 mil nascimentos por ano, segundo o IBGE, o Paraná torna-se um laboratório nacional de um modelo que integra inovação, saúde pública e cidadania digital desde o nascimento. “Nosso objetivo é levar essa tecnologia para o maior número possível de crianças, dentro e fora do Brasil. A parceria com o Estado mostra que isso é viável e sustentável”, diz Thais.
Mais que uma inovação tecnológica, o Bebê ID representa um novo capítulo na proteção da infância, tornando cada criança visível para o Estado desde os primeiros instantes de vida. “Não se trata apenas de identificar, mas de garantir cidadania e segurança desde o nascimento”, reforça a CEO da INFANT.ID™.
A biometria é considerada um dos métodos mais seguros de identificação, pois cada impressão digital é única. No Brasil, dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública indicam que 2.169 crianças desapareceram em 2022 — uma média de seis por dia. O cenário é alarmante também fora do país: em 2023, foram registrados 356.908 casos nos Estados Unidos, 94 mil na Alemanha, 40 mil na França e mais de 34 mil no Canadá, segundo o International Centre for Missing & Exploited Children (ICMEC).
A plataforma da INFANT.ID™ captura impressões digitais em alta definição de crianças de 0 a 5 anos, em conformidade com padrões internacionais de interoperabilidade. Isso permite integração com sistemas de registro civil em diferentes países.
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*Aline Cambuy é jornalista com mais de 20 anos de experiência e atua na área da comunicação empresarial. Estudante de Psicologia, une seu olhar crítico e humano para construir narrativas que conectam pessoas e negócios.