domingo, 29 junho, 2025
HomeMemorialNÃO HÁ ESPAÇO PARA NEY E EDUARDO, JUNTOS, NO PSD, “DECRETA” LUIZ...

NÃO HÁ ESPAÇO PARA NEY E EDUARDO, JUNTOS, NO PSD, “DECRETA” LUIZ FERNANDO PEREIRA

Especialista paranaense de projeção nacional em direito eleitoral, ele acredita que a carta de Ratinho seria apenas “um afago” a Ney, mas nada garante. Por sua vez, Ney diz confiar no governador e ter a total lealdade do Diretório Municipal do PSD.

Ney Leprevost, Eduardo Pimentel, Ratinho Junior: palavra de rei…

Eduardo Pimentel migrou para o PSD na data limite. Não pode mais mudar de partido para disputar a eleição deste ano. Como é o mesmo partido de Ney Leprevost, Eduardo só será candidato à reeleição como vice de Greca se Ney não for candidato a prefeito. Não há espaço para os dois.

E Ney garante que não arreda da candidatura, que tem papel passado pelo governador Ratinho Junior, assegurando-lhe apoio. “Palavra de rei não volta atrás”, cita, expressando sua fé na promessa sacramentada pelo governador, seu parceiro de partido e a quem “tenho o leal ao longo dos anos”, lembra.

 

CERTAS DIGITAIS

Nos muito observatórios do PSD de Curitiba, há quem esteja enxergando nessa novela dedos e digitais bem definidos, de gente como o ex-deputado Eduardo Sciarra, empresário José Maria Muller (réu na Lavajato) e grupos econômicos que “atuam com interesses nas áreas de parques estaduais e produção e concessão de energia elétrica”, segundo fontes da Câmara Municipal de Curitiba que pedem anonimato, “por ora”.

Claro que essas deambulações verbais não são partilhadas por Leprevost que, pelo contrário, só tem palavras de apoio e amizade ao governador e seu staff imediato, representado pelo chefe da Casa Civil, Guto Silva, e com manifestação expressa de amizade pessoal ao apresentador Ratinho, pai do governador. “É meu amigo pessoal, da minha casa”.

Uma constante Leprevost tem repetido: o diretório Municipal do PSD é composto por membros de sua extrema confiança que “jamais arredarão de minha candidatura”.

 

FOI MERO AFAGO?

Há, no entanto, quem tenha visto no movimento de Eduardo Pimentel um apoio do governador Ratinho Junior à reeleição de Greca. Ney reagiu.

Mostrou a carta de 27 de março, assinada pelo próprio Ratinho e outros líderes do PSD, sinalizando apoio para sua candidatura. “A carta pode ser um afago, mas não garante nada”, explica Luiz Fernando Casagrande Pereira, advogado com ampla experiência na matéria (atuou nos últimos dois grandes casos da Justiça Eleitoral no Brasil – para Temer e Lula).

 

PALAVRA DE PESO

Pereira, todos sabem, é autoridade nacional em direito eleitoral. Se tivesse de situá-lo politicamente, diria que o ágil “Pereirinha” é um homem de esquerda, com enorme brilho acadêmico e respeitabilidade, fortemente ligado a Gustavo Fruet e a seu ideário político. E é um admirador incondicional e sem limites a seu pai, o ex-governador Mário Pereira, de quem talvez divirja em aspectos ideológicos.

 

20 DE JULHO

Pela legislação eleitoral, só valem as decisões tomadas em convenção. E as convenções, pela lei eleitoral, só podem ser realizadas a partir de 20 de julho. Qualquer decisão antes disso pode ser afago, mas juridicamente não vale nada, explica Pereira.

 

NÃO DESCONHECE

Continuando em suas observações, Luiz Fernando Casagrande Pereira acentua, a propósito ainda da filiação de Pimentel, e o que estaria por trás de sua adesão ao PSD: “Ninguém pode duvidar que Ney sabe muito bem disso (a impossibilidade de convivência dos dois no PSD). E Eduardo da mesma forma. Ou alguém fez uma aposta errada ou errado está quem não viu que algo já pode estar muito bem combinado.

Costuma haver uma distância grande entre a notícia publicada e os reais arranjos políticos.”

SACRIFÍCIO DE NEY

Direto, na análise “fria” dos últimos acontecimentos, com a entrada de Eduardo Pimentel no PSD, Pereira vai mais longe, dizendo:

– A verdade é que o PSD pode sacrificar a candidatura própria para indicar Eduardo para a reeleição como vice na chapa de Greca. Com ou sem a anuência, explícita ou implícita, de Ney Leprevost. A conferir.”

 

TEMPOS DE NEY BRAGA

Dono de forte memória política, por dever de ofício, Pereira lembra:

“Não seria a primeira vez que uma candidatura própria seria sacrificada. Lembro, por exemplo, que em 1965, o PDC de Ney Braga rejeitou a candidatura própria de Afonso Camargo para apoiar Paulo Pimentel (avô de Eduardo) do PTC. Pela oposição estava Bento Munhoz da Rocha. O PDC ficou rachado e indicou os vices dos dois candidatos (Plínio Costa para Pimentel; Rafael Rezende para Bento).”

Isso a lei eleitoral não permite mais, lembra Pereira. “Hoje será Ney ou Eduardo. Só há espaço para um dos dois.”

 

PENDUROU CHUTEIRAS

Detalhe: Pereira disse que não será mais advogado em eleições majoritárias. Pendurou as chuteiras. Com um escritório com mais de sessenta advogados em São Paulo, Brasília e Curitiba, concentrado em direito empresarial, quer distância regulamentar das disputas eleitorais. “Serei um apenas um expectador atento”, diz o advogado. A conferir.

Leia Também

Leia Também