
Apesar das divergências com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse a aliados nos últimos dias que não pretende deixar o cargo. Segundo pessoas de sua confiança, o titular da Saúde tem “senso de responsabilidade” e não pedirá demissão, botando a perder todo o trabalho feito até agora no combate ao Covid-19. O principal ponto de tensão entre o presidente e o ministro é a questão do isolamento da população. Desde terça-feira, 24, Bolsonaro vem defendendo o fim imediato da quarentena. Mandetta é contra, embora tenha suavizado o discurso ontem e defendido que “temos que melhorar esse negócio de quarentena”. Segundo aliados, Mandetta busca uma solução “negociada” com Bolsonaro. Como médico e ministro, porém, não abre mão do “controle da estratégia” das ações de combate ao vírus.
- O contraponto dos governadores.
Após reunião de mais de duas horas por videoconferência nesta quarta-feira, 25, governadores de 26 estados brasileiros elaboraram uma carta aberta em que “convidam” o presidente Jair Bolsonaro a “liderar” o processo de combate ao novo coronavírus e a “agir em parceria” com os governos estaduais e demais poderes. Os chefes dos Executivos estaduais ressaltam que a prioridade deve ser “cuidar da vida das pessoas, não esquecendo da responsabilidade de administrar a economia”, e afirmam que continuarão adotando medidas “seguindo orientação de profissionais de saúde”. O trecho foi um contraponto dos governadores ao tom adotado por Bolsonaro nos últimos dias.

- Hidroxicloroquina: aval para pacientes graves.
O Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 3,4 milhões de unidades de hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus em estado grave. O medicamento, próprio para malária, será liberado até a próxima sexta-feira, 27. A pasta elaborou um protocolo para a aplicação do remédio. As diretrizes preveem um tratamento de cinco dias dentro do hospital. “Não usem fora do ambiente hospitalar. Não é seguro. Tem que ser feito com acompanhamento médico, pode ter alterações no ritmo do coração”, alertou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna. De acordo com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o uso do medicamento ficará a critério do médico.
- O cálculo de Guedes.
A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, projeta o encerramento gradual da quarentena contra o novo coronavírus a partir de 7 de abril. Na avaliação do grupo, as medidas econômicas anticrise anunciadas até agora não são suficientes para suportar um período maior que esse com as atividades completamente suspensas.
(Revista Crusoé)