
Em língua portuguesa, a literatura é até farta sobre a presença dos poloneses no Brasil e, no Sul brasileiro, de forma especial, com destaque para Curitiba.
Mas na própria Polônia pouco se sabe da odisseia vivida pelos poloneses que, no final do século 19, tangidos pelas dificuldades materiais, falta de terras e fome, imigraram para o Brasil.
Esta é a percepção com a qual retornou da Polônia depois de lá ficar um mês o empresário, editor de livros e advogado Luiz Fernando de Queiroz.
– As pessoas, mesmo as de bom nível cultural, ficam surpresas quando lhes falamos do Paraná como centro receptor de uma grande imigração polonesa. No máximo têm alguma informação sobre a imigração de poloneses para os Estados Unidos, particularmente em Chicago.
Queiroz, que percorreu um amplo roteiro “Polska” acompanhado da esposa, Elin, chegou a constatar, com auxílio de estudante polonês, que mesmo na língua do país, quando se pede à web informações sobre a diáspora polaca para o Brasil, “o resultado são apenas 4 linhas”. Nada além do superficial.
WACHOWICZ

Ruy Wachowicz, filho de poloneses, foi um dos acadêmicos que mais se embrenharam na presença e contribuição polonesa no Paraná.
Infelizmente (?) escreveu apenas em português.
Cidadão preocupado com a realidade de seu Estado – ele e a mulher ganharam o título Grandes Porta-Vozes do Paraná -, Queiroz promete que vai sugerir campanhas de difusão dessa realidade da presença polonesa para o mundo.
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

Acha que poderá envolver nesse projeto instituições como a Associação Comercial do Paraná (Gláucio Geara), o Instituto Histórico e Geográfico, assim como as universidades e Governo do Paraná.
– A Polônia, abençoada pelos investimentos bilionários da UE, é hoje um país moderno, próspero, conectado com os avanços tecnológicos deste século, observa Luiz Fernando Queiroz.
Ele acha que outras instituições poderão se envolver no projeto, em que a ACP pode ter papel fundamental. Sugerirá a instituição do apoio do Consulado da Polônia no Paraná, formado por diplomatas profissionais “que saberão avaliar quão importante é mostrar os laços que nos unem à Polônia”, disse. Laços que se ampliam também do ponto de vista de trocas comerciais.

——————-
PARA LEMBRAR: Assim eles chegaram

Eles vieram da região de Joinville, onde mantinham tensas relações com os alemães. A imigração foi fruto da iniciativa pessoal de Wós Saporski, considerado o pai da imigração polonesa no Paraná”, conta o pesquisador e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Márcio de Oliveira. Nessa época, a Polônia não existia como país independente.
Seus territórios, desde fins do século 18, eram divididos entre os impérios Austro-Húngaro, Russo e Prussiano.
SAPORSKI
Edmundo Sebastião Wós Saporski chegou a Santa Catarina em 1867, visitou Curitiba pela primeira vez em 1870 e coordenou a vinda dos imigrantes poloneses que estavam em terras catarinenses para a região. A situação em Santa Catarina estava muito complicada para os poloneses que haviam emigrado do país de origem.
MUITA TENSÃO
Essa tensão em terras catarinenses ocorria pelo fato de os primeiros poloneses a chegarem ao Brasil terem vindo de regiões sob ocupação da Prússia, dominada por reinos germânicos, e foram enviados, justamente, às zonas de colonização alemã no Brasil, em Santa Catarina. “Foram exatamente os conflitos com as comunidades germânicas que fizeram os primeiros poloneses, com a ajuda de Saporski, migrarem para Curitiba”, completa o pesquisador.
78 POLONESES
Dessa forma, um grupo de 78 poloneses decidiu partir para Curitiba, convencidos por Saporski que, então, se havia tornado professor em uma escola da cidade. “Nessa migração interna, o grupo enfrentou a resistência das autoridades catarinenses, que não desejavam ver ‘seus’
imigrantes partirem, e do governo Imperial, para o qual pouco interessava a migração entre províncias. Mas, por outro lado, contou com o apoio do governo do Paraná, que custeou a viagem até Curitiba”, ressalta Oliveira.
(Diego Antonelli, in Revista IDEIAS)