
Medida é cautelar e pede afastamento por 90 dias. Segundo o MP, Silvinei Vasques usou seu cargo, símbolos e imagens da corporação para “favorecer a reeleição de Jair Bolsonaro”
CNN Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) pediu o afastamento cautelar por 90 dias do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, nesta segunda-feira (14). O pedido se baseia em um suposto ato de improbidade administrativa.
Vasques estava no comando do efetivo policial durante eleição presidencial e os protestos realizados após o segundo turno que bloquearam rodovias do país. Ele também declarou e pediu votos para Jair Bolsonaro nas redes sociais.
Para o MPF, o diretor-geral da corporação fez “uso indevido do cargo, com desvio de finalidade, bem como de símbolos e imagem da Polícia Rodoviária Federal com o objetivo de favorecer o candidato à reeleição de Jair Messias Bolsonaro para o cargo de Presidente da República.”
“É notório que após o anúncio do resultado das eleições, instalou-se no país um clima de instabilidade o qual demandou a atuação imediata de vários órgãos. Não se pode afastar, de plano, que as manifestas preferências do requerido tenham influenciado e possam vir influenciar a condução das ações da PRF durante este momento de crise”, diz o MPF no pedido.

APOIO EXPLÍCITO
O MPF descreve atos de Vasques nas redes sociais e em eventos públicos que supostamente comprovariam que o diretor-geral apoiou, em alguns casos explicitamente, a candidatura de Bolsonaro à reeleição. Os procuradores citam postagens nas redes sociais, fotos com o presidente, a entrega de uma camisa de time de futebol ao ministro da Justiça, Anderson Torres, com o número 22. Segundo o MPF, trata-se de uma “clara referência ao número do candidato Jair Messias Bolsonaro”.
Na véspera do segundo turno, Vasques fez uma nova postagem no Instagram na qual declarava e pedia votos a Bolsonaro. “Em 29 de outubro de 2022, sábado a noite e data anterior à realização do segundo turno das eleições, o requerido postou um stories de sua conta pessoal no Instagram, pedindo explicitamente voto para o presidente da República e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro. O fato gerou repercussão nas redes sociais e foi noticiado pela imprensa”, diz o MPF.
O post, publicado no formato stories, diz: “Vote 22, presidente Bolsonaro” – a publicação foi apagada horas depois. No dia 30, segundo turno das eleições, ele foi intimado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a prestar esclarecimentos sobre operações policiais relacionadas ao transporte de eleitores.
O MPF argumenta que o afastamento de Vasques “se faz necessário para preservar a dignidade das funções do próprio cargo ocupado, sendo que a sua continuidade acarreta constrangimento social e justo receio de reiteração”.