A exposição inédita “Alex Flemming 70 Anos”, a mais nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), será inaugurada no dia 29 de agosto, na Sala 3. Com curadoria de Tereza de Arruda, a mostra reúne mais de 80 obras, algumas de grande dimensão, desse artista brasileiro reconhecido internacionalmente e que vive há décadas entre a Alemanha e o Brasil.
“Alex Flemming é, sem dúvida, um dos maiores artistas brasileiros de sua geração e ao longo de sua carreira teve conexões e presenças importantes no Paraná. Para nós, é uma honra apresentarmos uma mostra que celebra seus 70 anos aqui no Museu Oscar Niemeyer”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de Estado da Cultura do Paraná.
A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, informa que ‘‘a mostra comemorativa de Alex Flemming leva nosso público a entrar em contato direto com o melhor da produção contemporânea”.
Ela comenta que Alex Flemming, artista sempre irreverente e observador, traz em suas obras um retrato atual que vai além da simples representação do que vê. ‘‘Ele traduz sua visão aguçada e atenta ao falar sobre um mundo caótico e cheio de vertentes. Aborda diversas questões sociais com a sutileza que só a arte permite”, diz Juliana.
Na exposição estão trabalhos realizados de 1982 a 2023. As obras, impregnadas de símbolos e mensagens, convidam o espectador a extrapolar o senso comum. São camadas que ganham significado próprio a partir do olhar singular de cada visitante.
Por meio de técnicas inovadoras e abordagens conceituais, como as presentes no universo de Alex Flemming, tem-se a expansão dos limites do retrato e do retratado, desafiando o espectador a reconsiderar suas percepções sobre o artista, sobre si mesmo e sobre os outros.
A exposição reúne em suas obras técnicas variadas, como fotografia sobre vidro, óleo sobre tela, esmalte sobre madeira, acrílica sobre tecido e pintura sobre porcelana, etc.
O tema “Retrato” foi intencionalmente selecionado para esta mostra comemorativa porque a representação humana é o eixo fundamental e seminal da pesquisa plástica de Alex Flemming. Segundo a curadoria, a mostra apresenta a recorrência do retrato em sua vasta produção.
‘‘Historicamente, ao longo dos séculos, o gênero do retrato evoluiu de uma representação fiel da aparência física para uma exploração profunda da identidade e da subjetividade do retratado”, explica Tereza de Arruda.
‘‘O retrato contemporâneo, como pode ser visto nesta mostra, explora frequentemente a identidade de maneiras complexas, abordando questões de gênero, raça, sexualidade, classe social e cultura”.
Segundo a curadora, ‘‘deixou de ser uma simples representação da aparência externa para se tornar uma investigação profunda das complexidades da identidade humana – um espelho da sociedade –, refletindo suas tensões, transformações e diversidades”.
O artista
Alex Flemming nasceu em 1954, em São Paulo. Vive e trabalha em São Paulo e Berlim. Estudou Cinema na FAAP e Arquitetura na USP, e é autodidata em artes visuais. Realizou vários curtas-metragens em Super-8, com participação em festivais. A partir do final da década de 1970, passa a se dedicar exclusivamente às artes plásticas. Realiza sua obra sempre em séries, e a primeira delas denuncia a violência da tortura nos porões da ditadura militar brasileira (série ‘‘Natureza Morta”, 1978). Sua arte é basicamente política e vem, no decorrer dos anos, abordando temas como a guerra (série ‘‘Body Builders”, 2000), o 11 de Setembro (série ‘‘Flying Carpets”, 2003) ou o terrorismo (série ‘‘Apocalipse”, 2015). Outro tema sempre presente é o corpo humano, ‘‘o ser humano como centro do universo”, como o próprio artista diz, foco da mostra ‘‘Alex Flemming 70 Anos”.
Curadoria
Tereza de Arruda é mestre em História da Arte pela Universidade Livre de Berlim e acompanha, desde 1991, a produção de Alex Flemming, expondo suas obras em inúmeras mostras no Brasil e no exterior. Entre elas, a exposição individual “Flying Carpets”, realizada em 2005, no Chicago Cultural Center; “Alex Flemming: Sistema Uniplanetário”, em 2008, na St. Johannes Kirche, em Berlim e no MAM – Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro; “Alex Flemming: Galileu Galilei”, em 2011, no Museu Nacional de Belas Artes em Santiago no Chile, além da mostra coletiva “Brasilidade Pós-Modernismo”, realizada de 2021-2022, no circuito CCBB no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.