Raul Urban* – No último dia 25 de julho, como foi noticiado neste Mural, surgiu o embrião do Sindicato de Escritores do Brasil (Sinebrás), numa iniciativa do jornalista e vice-reitor da Uninter, Jorge Bernardi. Cerca de 80 pessoas, entre jornalistas, professores, pensadores, até mesmo profissionais de áreas diversas como meteorologistas, estudantes, advogados, até mesmo pessoas comuns que escrevem por prazer e outros, mas todos preocupados com o ao do escrever, se reuniram na sede da União Geral dos Trabalhadores (UGT), com o intuito de dar o pontapé inicial para o funcionamento da nova entidade.
Sindicato similar, já que o proposto engloba todo o Brasil, em princípio, a começar pelas capitais estaduais, existe apenas o do Estado de São Paulo. O propósito: de uma vez por todas, dar vez e voz aos Escritores, com “E” maiúsculo, uma vez que essa atividade, salvo raras exceções, ainda não é vista seriamente no país como um ofício que mereça o devido reconhecimento legal. Colocar uma produção cultural na rua, difundindo conhecimentos, com custos compatíveis e acesso democrático – é essa a proposta que precisa ganhar terreno.
Quem escreve, ou o faz por puro diletantismo, ou tem no ato do escrever,contar e dizer, uma segunda opção além da profissional e legalmente reconhecida. O Sindicato dará voz e vez para quem sonha e tem projetos, discute as leis de incentivo e precisa de garantias para que, o que for dito, tenha importância e valor no cenário nacional.
Nesta quarta-feira, 6 de agosto, enfim, o edital pró-fundação do Sindicato de Escritores do Brasil foi publicado nas páginas do Diário Oficial da União e da Folha de São Paulo. Um momento, lembremos, para comemorar.
A data da assembleia que leva à pró-fundação será numa sexta-feira, dia 26 de setembro, na mesma UGT onde os primeiros interessados – e agora considerados sócios-fundadores – se encontraram em julho. Naquela ocasião, além do cerca de 80 e não presentes, outras 60 participações “compareceram” online, procedentes dos mais diversos pontos do país, predominantemente capitais estaduais, onde um sem-número de escritores (poetas, ficcionistas, memorialistas da história urbana e afins) agora antevêem momentos mais cômodos e seguros, como a garantia da CLT, por exemplo, ou a garantia da recepção correta de direitos autorais.
Na ordem do dia de 26 de setembro, segundo Bernardi, que representa a comissão pró-formação do novo órgão, quatro pontos já nominados no edital: a deliberação sobre a fundação do Sinebás; aprovação dos estatutos sociais; a eleição e posse da diretoria a ser eleita e, por fim, o debate de outros assuntos de interesse da categoria.
Aberto a todos aqueles que fazem da palavra o ato do dizer e do contar, o Sindicato é um novo horizonte num Brasil onde os livros, ironicamente, reinam nas feiras especializadas e brilham com seus autores consagrados; mas pedem cada vez mais espaço, em especial entre os jovens, por conta da tecnologia e do desinteresse em folhear as páginas impressas.
O Sindicato a nascer, é uma esperança para aqueles que queiram descobrir a vocação de fazer das letras um contar de histórias, lembranças e memórias, para que tudo fique impresso e passível de ser guardado no correr da História do Tempo.
*Raul Urban é jornalista, escritor, memorialista, pesquisador da memória histórica e ligado à área do transporte multimodal integrado e colaborador do Mural do Paraná.