domingo, 22 dezembro, 2024
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Mauro Cid e hacker denunciam Bolsonaro

Veja e Meio – Fim do silêncio. O tenente-coronel Mauro Cid vai confessar. Mas o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro não vai assumir a culpa sozinho pelo esquema de venda e recompra de joias: envolverá o ex-presidente de forma direta. Preso há três meses por falsificar cartões de vacinação, Cid admitirá que vendeu nos Estados Unidos peças presenteadas ao governo brasileiro, transferiu o dinheiro dessa negociação para o Brasil e entregou-o em espécie a Bolsonaro.

Seu novo advogado, Cezar Bitencourt afirmou à revista Veja que optou por uma confissão espontânea, que servirá de atenuante na hora da definição da pena, assim como o fato de o crime ter sido cometido “em cumprimento de ordem de autoridade superior”. No caso de Cid, o chefe era Bolsonaro. O tenente-coronel vai deixar claro que o ex-presidente sabia que alguns dos procedimentos eram totalmente irregulares e outros, criminosos.

“A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro”, disse Bitencourt. “Mas o dinheiro era do Bolsonaro.” O nome de Cid aparece quase diariamente em evidências coletadas pela Polícia Federal e na CPMI do 8 de janeiro. O caso das joias e a trama golpista ganharam fôlego com as mensagens descobertas em seu celular, na sua caixa de e-mail e em relatórios do Coaf. Sua confissão complica a situação de Bolsonaro.

Quebra de sigilo

Foto: Reprodução

g1 e O Globo – Para investigar se o dinheiro da venda das joias chegou de fato até o ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle. Moraes também autorizou o pedido de cooperação internacional feito pela PF para solicitar aos EUA a quebra de sigilo bancário das contas dos investigados no caso das joias.

O celular que o advogado Frederick Wassef usava para falar exclusivamente com Bolsonaro está entre os quatro apreendidos na noite de quarta-feira pela PF, segundo o Blog da Natuza Nery. Dois aparelhos estavam no bolso de Wassef e dois, no seu carro, que foi revistado.

Não há justificativa legal para a venda de presentes recebidos por um presidente durante o mandato, afirmou ontem o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Marques de Carvalho. “Sempre há formas de aprimoramento da legislação, mas o que a gente precisa separar é não cair numa armadilha de achar que foi por falta de regulamentação, falta de esclarecimento sobre o que é patrimônio do Estado, o que é presente personalíssimo, que houve essa confusão.”

Hacker na CPMI

Estadão e Poder360 – O hacker Walter Delgatti Neto não poupou palavras na CPMI do 8 de janeiro e repetiu o nome de Jair Bolsonaro diversas vezes. Ele atribuiu ao ex-presidente orientações para manipular urnas eletrônicas, assumir a autoria de um suposto grampo ilegal do ministro do Supremo Alexandre de Moraes e participar de reuniões com o Ministério da Defesa sobre aspectos técnicos de suas propostas. Delgatti afirmou que o ex-presidente chegou a oferecer um indulto para que invadisse o sistema das urnas eletrônicas em reunião no Palácio da Alvorada com a participação da deputada Carla Zambelli (PL-SP), de Mauro Cid e do coronel Marcelo Câmara.

“Fique tranquilo, se algum juiz te prender, eu mando prender o juiz”, teria dito Bolsonaro, segundo o hacker, que se colocou à disposição das autoridades para acareações e comprovação de seu depoimento. Após as acusações, o hacker foi intimado pela Polícia Federal a prestar um novo depoimento hoje. Já a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), disse que os relatos dão “fortes condições” de pedir o indiciamento do ex-presidente, corroborando o que havia dito em entrevista na véspera.

Bolsonaro desmentiu as falas de Delgatti. Sua defesa afirmou que vai apresentar uma queixa-crime contra o hacker, alegando que ele “apresentou informações e alegações falsas, totalmente desprovidas de qualquer tipo de prova, inclusive cometendo, em tese, o crime de calúnia”.

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