
No calor do impeachment de Dilma, no ano passado, um pixuleco miniatura não custava menos de 10 reais na manifestação mais próxima. Era a figura presidiária de um Lula que ganhou versões carinhosas e odiosas ao longo dos últimos anos. O original do pixuleco, que ainda ronda atos contrários ao ex-presidente, mede 12 metros de altura, é inflável, traja roupa listrada de preto e branco, modelito metralha, e traz no peito o número 13-171. Uma referência nada discreta ao partido e ao código penal.
APERTAR E PUXAR
O PT foi fundado há 37 anos. Há dez frequenta a página policial. (O que, se diga, a bem da verdade, não é privilégio do PT, outros partidos de ponta, como o PMDB e o PSDB, cumprem a mesma sina, sem falar no PP, um dos campeoníssimos na Lava Jato). Quase o mesmo período do Lula presidente.
TRÊS VEZES
O petista disputou as eleições presidenciais em três ocasiões antes de levar a melhor em 2002. Foi candidato em 1989 contra Collor. Em 1994 contra FHC. Em 1998 de novo contra FHC. Ainda assim, mesmo no auge de sua popularidade sem voto, ninguém apostaria que, um dia, Lula fosse transformado em brinquedo de apertar e puxar. No bom e no mau sentido.
FOFINHO
Em 2006, período em que o Mensalão frequentava as paradas de notícias, o artista plástico Raul Mourão lançou o boneco de pelúcia do já presidente Lula. Era um brinquedo do tipo amigão. Dois palmos de altura, fofo, cabelo carapinha, sentava de perninhas abertas e olhava lugar nenhum, como o ursinho Pooh.
O escândalo corria à solta, mas o que fazer? Lula estava no auge de sua popularidade e caminhava sacudido e risonho para a reeleição.
CHAVEIRO VODU
Foi então que Rudi Sgarbi, outro artista plástico, teve uma ideia. Botou à venda na internet a versão vodu de Lula. Do tamanho de um chaveiro, o boneco brincava com o favoritismo do petista nas eleições e já vinha com três alfinetes para ser espetado. Em duas semanas, Sgarbi vendeu 70 chaveirinhos a R$ 9,50 o feitiço. “Não desejo nenhum mal ao presidente. É só uma brincadeira. Fiz questão de fazer um boneco bonitinho para não denegrir a imagem de Lula”, justificou o artista. Mentira.
MORTADELA X COXINHA
Uma década depois, eis o boneco em versão estoca-vento. Inflável, inflamável e, outra vez, presidenciável. O boneco circula com bola de ferro no pé e, às vezes, com Dilma em versão satânica. Este nada popular. Nos embates entre mortadelas e coxinhas, o Lula de encher foi murchado duas vezes. Não por adversários do petista, mas por correligionários que viam no boneco uma heresia ao criador do Bolsa-Família.
SAPO BARBUDO
Imaginava-se que com Lula condenado na Lava-Jato, o pixuleco voltaria à cena. Não voltou. Há um fastio, um cansaço político que não se resume ao bater de panelas ou aos memes na internet. Certa vez, Leonel Brizola chamou Lula de “sapo barbudo”. Parecia uma expressão definitiva. O problema é que, desde então, outros sapos apareceram clamando por serem nomeados. Adivinhe quem tem que engoli-los?

A VEZ DE AÉCIO
Na mesma linha da representação pictórica de políticos brasileiros enrolados em investigações da Lava Jato, certas fontes admitem: “Está em gestação um boneco que vai simbolizar o senador Aécio Neves e o quadro de corrupção também existente no PSDB”.
A estreia poderá ser na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
O mais flagrante dos rolos envolvendo os trens do metrô de São Paulo, pode também gerar algum “símbolo” a pegar, de vez, Alckmin e Serra. É o que me garante artista plástico da Paulicéia que, no momento, “pensa” o assunto. Sob encomenda, é claro.