Luiz Carlos Martins
A Rádio Banda B, de Curitiba, há muito é uma grande campeã de audiência na Capital e Região Metropolitana.
Mas o que os indicadores de audiência apontaram na tarde de ontem, quarta-feira, 19, “foi um absurdo”, um amplo aumento de ouvintes, segundo um técnico da área. O motivo foi o desabafo do radialista Luiz Carlos Martins, levado ao ar, inconformado por ter chegando à Assembleia Legislativa para mais um dia de trabalho, descoberto naquela tarde que o titular de seu mandato (estava na suplência), Luiz Romanelli, reassumira o cargo. De inopino, sem aviso.
A volta de Romanelli foi, disse Luiz, “uma manobra do Governo” para evitar que ele votasse contra o projeto que o Executivo enviara à AL, pedindo autorização para vender ações da SANEPAR.
JOGANDO ÀS CLARAS
LCM nunca escondeu, assim como o deputado Gilberto Martin (acima), que votaria contra a medida proposta pelo Palácio Iguaçu.
“Fui chantageado”, disse Luiz Carlos, não poupando nem o governador Beto Richa em seu protesto.
Para ele, o retorno de Romanelli não passou de manobra do governo. Em tom de absoluto inconformismo, bradou: “A Sanepar é do povo, a água é um bem público”, e que a venda de ações da empresa estatal fará com que o Estado deixe de ser majoritário na empresa.
O trecho mais incisivos da fala de Luiz à imprensa e na Rádio Banda B foi este: “Todos sabem que o governo está em dificuldade financeira e pra tapar buraco inventa uma máquina de fazer dinheiro com a Sanepar? Não é possível. A Sanepar é do povo ou não é?”. A manifestação de Luiz Carlos enseja algumas indagações. A mais imediata delas: sendo dos quadros do PSD, a posição desse puxador de votos de que forma será absorvida pelos comandantes da legenda?
A seguir, trechos da manifestação de Luiz Carlos Martins, encaminhados por sua assessoria:
SEM AVISO, DE SUPRESA
“O deputado Luiz Carlos Martins (PSD) foi afastado da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (20) por decisão do governo do Paraná. Sem avisá-lo, o governo chamou o secretário do meio ambiente, Luiz Carlos Cheida (PMDB) para voltar ao cargo, às pressas, porque Martins havia declarado que iria votar contra o projeto que aumenta o capital social da Sanepar e coloca à venda ações da companhia. O mesmo foi feito com o deputado Gilberto Martin (PMDB), que foi retirado da lista de deputados para a volta do secretário do Trabalho e Emprego, Luiz Claudio Romaneli (PMDB). Luiz Carlos Martins e Gilberto Martin são deputados suplentes.
DESRESPEITO TOTAL
Martins disse que foi desrespeitado e deu um recado diretamente para o governador Beto Richa. “Quero saber, governador Beto Richa:, você me conhece,sabe a história de Luiz Carlos Martins, conhece minha família,sabe onde eu moro,sabe o meu telefone. Por que agir dessa forma, na calada da noite? O povo confia em mim, Beto Richa, e não merece ser tratado assim”, desabafou Martins ao vivo na Banda B e também à imprensa reunida no plenário da Assembleia.
Martins diz que foi pego de surpresa. “Cheguei no plenário, como sempre faço e meu nome não estava no painel. Fui informado pelos meus colegas, estarrecidos, da decisão do governo. Não me avisaram nada. Isso é um desrespeito com minha história”, afirmou.
ÁGUA, BEM DO POVO
O deputado do PSD disse ainda que decidiu votar contra o projeto da Sanepar porque não é interesse do povo, mas do governo. “O Paraná vai perder a maioridade das ações da Sanepar e água é um bem do povo. Não é o momento de o governo mandar mensagem para fazer dinheiro e declarei que ia votar contra. Todos sabem que o governo está em dificuldade financeira e pra tapar buraco o governo inventa uma máquina de fazer dinheiro com a Sanepar? Não é possível. A Sanepar é do povo ou não é?”, completa Martins.
Na entrevista à Banda B, Luiz Carlos Martins finalizou dizendo que foi chantageado e não aceitar isso. “Tenho um compromisso com o povo e não vou aceitar chantagem”.