segunda-feira, 15 setembro, 2025
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Liga Eleitoral Católica: Apoio ou veto nas eleições

Christina Vital: oração de traficante

O modelo milicianos/ crentes pentecostais vai se impondo de favelas do Rio de Janeiro. Assunto da acadêmica Christina Vidal Cunha, da UFF

 

Renato Augusto Carneiro Filho, um carioca que se projetou intelectualmente em Curitiba – dirigindo o Museu Paranaense (localizado no antigo Palácio São Francisco) – é reconhecido por uma de suas especialidades como historiador. Ele estudou amplamente a LEC, a Liga Eleitoral Católica, criada no começo dos anos 1930 para garantir a eleição de candidatos que se comprometessem com os princípios da Igreja.

Teriam que se comprometer com a indissolubilidade do casamento católico e a defesa de princípios sociais como os expostos pela Rerum Novarum, de Leão XIII. O grande mentor da LEC foi o cardeal Leme, do Rio, personagem importante nos governos Vargas, conforme já analisamos na semana.

ANTES DO CONCÍLIO

Um   dos livros de Renato Augusto aprofunda a ação da LEC, com importância notável na eleição de de 1954 em  Curitiba, quando Ney Braga foi eleito prefeito de Curitiba. Tempos de um arcebispo, dom Manuel as Silveira d’Elboux,  “príncipe’ no modelo episcopal anterior ao Concílio Vaticano II.

Estudantes da UFF fazem festa para ajudar terceirizados que estão sem  receber salário - Jornal O Globo
Campus da UFF, no Rio

Dom Manuel pontificou naquele clima  pré-conciliar, tendo a preocupação de formar um sucessor – no caso,  dom Pedro Fedalto, que era seu secretário particular.

Hoje a Igreja Católica significa a adesão de 60% dos brasileiros, e os interesses pelo estudo do fenômeno religioso concentram-se – do ponto de vista acadêmico e também jornalístico – no chamado mundo evangélico – ou evangelical. O protestantismo histórico foi para segundo plano.

O que se pode deixar claro é que os evangélicos – assim como os não religiosos – crescem muito anualmente. De tal forma que os estatísticos acham: lá pelos anos 2030, a maioria evangélica (incluindo o protestantismo histórico) se imporá no Brasil.

REALIDADES SOCIAIS

O lamentável é que, na avaliação do tema religião/eleições, até jornalistas de boa formação acadêmica, votem suas análises a partir de manifestações de políticos, como os da Bancada Evangélica, que trabalham
o números do IBGE sem incluir realidades sociais que se impõem. Uma delas, por exemplo, o amplo domínio que o tráfico faz em favelas no Rio de Janeiro com apoio de movimentos evangélicos.

Assunto do livro “Oração de Traficante”, fruto de longa observação da acadêmica, da UFF, Professora Christina Vidal Cunha. Ela passou anos morando numa favela para então escrever sua tese. Para ela, os santos e simbologias católicas, foram substituídos por marcas neopentecostais.

Estrela de Davi – Wikipédia, a enciclopédia livre

Em muitas favelas do Rio, a influência dos evangélicos traficantes é enorme, a tal ponto que eles marcam seus territórios com estrelas de David, citações bíblicas e até bandeira de Israel. E mais: o modelo de comunhão de milicianos e grupos criminosos proclamados evangélicos, já está vicejando em favelas africanas… Isto mesmo: estamos exportando um arremedo de religião para outras terras.

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