sábado, 28 dezembro, 2024
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Latorraca e o diagnóstico precoce do câncer de próstata

Assessoria – O falecimento do ator Ney Latorraca, aos 80 anos, trouxe novamente à tona a necessidade de discutir o câncer de próstata, uma das doenças mais comuns entre os homens no Brasil e no mundo. Diagnosticado em 2019, o ator chegou a passar por uma cirurgia de remoção da próstata. Contudo, a doença retornou em 2024 com metástase, resultando em uma sepse pulmonar que levou à sua morte.

O câncer de próstata em números

De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, o número de casos de câncer de próstata pode dobrar até 2040, atingindo 2,9 milhões globalmente. No Brasil, a doença é o tipo de câncer mais comum entre os homens após o câncer de pele não melanoma. O aumento desses casos é impulsionado pelo envelhecimento populacional, hábitos de vida e desigualdade no acesso ao diagnóstico e tratamento.

Segundo Jônatas Pereira, Uro-Oncologista e Cirurgião Robótico do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP): “O câncer de próstata é uma doença silenciosa no início, o que reforça a importância de um diagnóstico precoce. Em países como o Brasil, onde ainda enfrentamos desafios na prevenção e conscientização, os números são especialmente preocupantes.”

Fatores de risco e sintomas

A próstata, glândula localizada abaixo da bexiga, desempenha um papel crucial no sistema reprodutor masculino. Com o envelhecimento, aumentam os riscos de alterações na glândula, incluindo o câncer.

Os principais fatores de risco incluem:

• Idade acima de 50 anos;

• Histórico familiar de câncer de próstata;

• Homens negros, que apresentam maior predisposição genética;

• Estilo de vida sedentário e dieta rica em gorduras.

Os sintomas, geralmente notados em estágios avançados, incluem:

• Dificuldade para urinar;

• Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;

• Dor ao urinar ou ejacular;

• Presença de sangue na urina ou no sêmen;

• Em casos de metástase, dor óssea e perda de peso inexplicada.

A importância do rastreamento

Jônatas Pereira, Uro-Oncologista e Cirurgião Robótico do IOP

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda que homens iniciem o rastreamento aos 50 anos, ou aos 45 em caso de histórico familiar ou pertencentes a grupos de risco. O rastreamento inclui o exame de toque retal e o teste de PSA (antígeno prostático específico), que, juntos, podem identificar precocemente alterações na próstata. “Infelizmente, o preconceito em relação ao exame de toque retal ainda afasta muitos homens do rastreamento. É fundamental desmistificar o exame, que é rápido, indolor e salva vidas,” enfatiza o Dr. Jônatas Pereira.

Quando o câncer de próstata avança

Em casos mais avançados, como o de Ney Latorraca, a doença pode se espalhar para outros órgãos, complicando o tratamento e reduzindo as chances de cura. O ator desenvolveu uma sepse pulmonar, uma condição grave que ocorre quando a infecção se espalha pelo organismo, causando falência de múltiplos órgãos. “O câncer de próstata avançado não apenas desafia o sistema imunológico, mas também expõe o paciente a riscos adicionais, como infecções graves e metástases ósseas. O acompanhamento multidisciplinar é essencial para minimizar esses riscos,” explica o Dr. Pereira.

Prevenção e qualidade de vida

Embora não seja possível prevenir totalmente o câncer de próstata, adotar hábitos saudáveis pode reduzir os riscos:

• Alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais;

• Exercício físico regular;

• Controle do peso;

• Evitar o consumo excessivo de álcool e o tabagismo.

Além disso, a conscientização é o primeiro passo para mudar o cenário. Investir em campanhas educativas e ampliar o acesso ao diagnóstico precoce são ações indispensáveis para reduzir a mortalidade.

“O câncer de próstata não é apenas uma questão de saúde pública; é uma questão de empatia e cuidado. Cada diagnóstico carrega uma história de vida, e cabe a nós, como sociedade, promover a conscientização e garantir que esses homens tenham acesso ao melhor tratamento possível,” finaliza o Dr. Jônatas Pereira.

O caso de Ney Latorraca reforça a urgência de quebrar tabus e priorizar o cuidado integral com a saúde masculina. A luta contra o câncer de próstata deve ser contínua, para que mais homens possam vencer essa batalha silenciosa.

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