Agência DW – O Gabinete de Segurança de Israel declarou formalmente neste domingo (08) estado de guerra, o que permitirá “medidas militares abrangentes”. Segundo o governo, trata-se de uma guerra “imposta a Israel por um ataque terrorista assassino de Gaza.”
Referindo-se aos ataques-surpresa do Hamas da véspera, em discurso televisado à nação o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que derrotará o grupo radical islâmico, mas alertou que a guerra “vai levar tempo”. O político conservador enfatizou que os eventos recentes foram algo “jamais visto em Israel” e jurou “vingança esmagadora por esse dia negro”, chegando a todos os lugares onde o Hamas possa estar se escondendo.
Netanyahu disse considerar o grupo diretamente responsável pela segurança e bem-estar dos civis e soldados que mantém cativos, acrescentando que Israel “acertará contas com qualquer um que cause danos” a esses reféns. Segundo observadores, o sábado foi o dia mais sangrento do conflito israelo-palestino desde a guerra do Yom Kippur, 50 anos atrás. O grupo radical islâmico Hamas é classificado pela União Europeia e os Estados Unidos como terrorista.
Milhares de foguetes
Soldados israelenses continuaram lutando contra combatentes do Hamas nas ruas do sul de Israel e lançando ofensivas de retaliação que destruíram edifícios em Gaza, enquanto no norte de Israel uma breve troca de ataques com o grupo militante libanês Hisbolá gerou temores de um conflito mais amplo.
Os combates resultam da reação de Israel ao ataque-surpresa sem precedentes deste sábado, partindo de Gaza, no qual combatentes do Hamas, apoiados por uma barragem de pelo menos 2.500 foguetes, romperam as cercas de segurança e invadiram comunidades próximas.
Os terroristas do Hamas raptaram civis israelenses, levando-os para o enclave costeiro de Gaza. por quem provavelmente tentarão negociar milhares de prisioneiros palestinos detidos por Israel. Os líderes do Hamas disseram estar preparados para uma nova escalada. Segundo o departamento de impressa do governo em Tel Aviv, são mais de 100 sequestrados, inclusive mulheres, crianças e idosos.
Retirada de moradores
O Exército de Israel anunciou neste domingo que pretende retirar todos os israelenses que vivem perto da Faixa de Gaza dentro de 24 horas. “Nossa missão é retirar todos os residentes que vivem ao redor de Gaza”, disse o porta-voz militar Daniel Hagari a repórteres, acrescentando que os combates continuam para “resgatar reféns” mantidos por militantes em Israel.
No sábado, o Exército referiu-se a dois locais num raio de 20 quilômetros da fronteira de Gaza onde estavam detidos reféns. A mídia israelense informou que reféns foram libertados em Beeri e Ofakim, mas o Exército se recusou a fornecer detalhes.
Até a manhã do domingo, os militares israelenses atingiram 500 alvos do Hamas, incluindo a “infraestrutura militar do grupo, casas de comandantes e símbolos do regime do Hamas”, disse Hagari. Ele disse que as forças israelenses assumiram o controle de pontos de onde militantes invadiram Israel vindos da Faixa de Gaza. “As forças mataram centenas de terroristas no terreno”, disse ele, acrescentando que dezenas foram feitos prisioneiros.
Irã nega envolvimento em ataque

A missão do Irã na ONU negou neste domingo (08/10) envolvimento do país no ataque terrorista do grupo Hamas a Israel. O regime em Teerã declarou apoiar “de forma enfática e inequívoca a causa palestina”, mas rejeitou envolvimento no ataque.
Horas antes, o jornal americano The Wall Street Journal afirmara que Teerã ajudou a planejar o ataque desde agosto e deu luz verde para o seu início numa reunião realizada em Beirute na segunda-feira passada, citando como fontes membros de alto escalão do Hamas e da milícia xiita libanesa Hisbolá, que também é apoiada pelo Irã.
No domingo, o presidente iraniano, Ebrahim Raïssi, apelou aos “governos muçulmanos” para também declararem apoio ao Hamas. O líder iraniano fez a declaração depois de falar separadamente ao telefone com os líderes dos movimentos armados palestinos Hamas, Ismail Haniyeh, e Jihad Islâmica, Ziad al-Nakhala, que recebera, separadamente, em junho, em Teerã.
O Irã mantém relações estreitas com os dois movimentos palestinos e foi um dos primeiros países a saudar a ofensiva do Hamas, lançada no sábado.