Por Eloi Zanetti – Durante muitos anos, todos os sábados, reuníamos o professor e crítico literário Wilson Martins, sua esposa Anne – que se lembrava de quase todos os filmes que assistiu detalhando as cenas mais impactantes -, o político Norton Macedo, o escritor Miguel Sanches Neto e o Tato Taborda.
A escolha do próximo local de encontro se iniciava já na segunda-feira, quando o professor ligava para o Norton e as tratativas se estendiam durante quase toda a semana, pois o Wilson sempre buscava por algum restaurante que não tivesse escada. Ele tinha dificuldades em subí-las. O bom desses almoços era o papo inteligente que versava sobre literatura, história, política ou cinema e de vez em quando aparecia algum convidado para engrossar a prosa.
Certa vez ao servirem uma cachaça, eu enchi um copinho e ofereci ao Wilson dizendo uma expressão de boteco de periferia: “Toma Wilson! Dê um tapa na cascavel!” Ele abriu um sorriso largo e disse: “Nossa! você falou uma expressão que eu não ouvia há dezenas de anos, desde meu tempo de piá. Saúde!”
Assim, sábado após sábado, íamos variando de local e de conversa. Aos poucos, os amigos foram nos deixando, o grupo diminuindo e, como diz a música. “Naquela mesa estão faltando eles e a saudade deles está doendo em mim”.
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