quarta-feira, 19 fevereiro, 2025
HomeCiência e FéHélio Puglielli é eleito imortal da Academia Paranaense de Letras

Hélio Puglielli é eleito imortal da Academia Paranaense de Letras

ContrapontoO jornalista, professor e escritor Hélio de Freitas Puglielli é o mais novo integrante da Academia Paranaense de Letras (APL). Foi eleito nessa quarta-feira (5) para ocupar a cadeira número 20, sucedendo ao também jornalista Luiz Geraldo Mazza, falecido no ano passado.

Puglielli, que concorreu com outros quatro pretendentes, foi eleito por ampla maioria de votos. Considerado um dos grandes nomes da história da imprensa e do ensino de comunicação no Paraná, professor de várias gerações de jornalistas nas Redações onde trabalhou, o novo acadêmico ministrou aulas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e na Universidade Católica (PUCPR).

Formado em Direito, jornalista profissional desde 1957, foi editorialista dos jornais “Indústria & Comércio”, “O Estado do Paraná” e “Gazeta do Povo”, além de superintendente da Fundação Teatro Guaíra e diretor do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes e do Departamento de Ciências Sociais da UFPR. Entre outros, escreveu o livro “Para compreender o Paraná”.

Homenagem a Puglielli

O escritor e jornalista Adherbal Fortes justificou seu voto para o novo ocupante da cadeira n.º 20, Hélio Fileno de Freitas Puglielli, e reproduzimos sua explicação a seguir.

“A cadeira, todos lembram, foi do Luiz Geraldo Mazza, admirado jornalista da geração dos anos 1960, que frequentemente advertia da pobreza criativa das nossas elites intelectuais. Antes pertenceu a Samuel Guimarães da Costa, historiador do Ciclo do Mate, conselheiro político de Paulo Pimentel, que defendeu uma literatura brasileira filtrada pela inteligência paranaense. Esses dois deram-nos a rota e a missão que, se depender deste eleitor, devem passar a Hélio Puglielli, no mínimo para homenagear a memória do Mazza e do Samuel.

Hélio de Freitas Puglielli, jornalista, professor universitário aposentado da UFPR, especialista em literatura e história do Paraná

Hélio é o jovem corajoso que, em 1958, ajudou a convencer Aristides Merhy e Fernando Camargo a criar o Suplemente Literário de O Estado do Paraná, onde foi colaborador e secretário, acumulando a função de correspondente da revista Leitura, editada no Rio de Janeiro. Ainda achou tempo para vencer o prêmio de crítica literária do Concurso Universitário Nacional de Literatura promovido em 1959 pela revista O Cruzeiro em convênio com o Capes/MEC. E para participar das coletâneas ‘Contos de Repente‘ (com Jamil Snege e Ayilton de Sisti), ‘Poesia’ (com Apollo França, Assad Amadeu e nosso confrade João Manuel Simões) e garantir um lugar no ‘Panorama do Conto Paranaense‘ organizado por Andrade Muricy. Em 1991 publicou dois livros: ‘Para Compreender o Paraná‘ e ‘O Ser de Parmênides Chama-se Brahma‘.

Não fosse por tudo isso, meu sufrágio seria do Helio por seus feitos no jornalismo diário. Cito grande momento que testemunhei durante nosso trabalho no Show de Jornal do Canal 4 na década de 1970. Helio era redator, ao lado de Renato Schaitza, Hugo Santana, Carlos Maranhão, Francisco Camargo, Luiz Manfredini e eu. Havia também repórteres fuçadores e colunistas informadíssimos, videorepórteres inspirados. Ante a censura pesada, decidiu-se que a previsão do tempo seria a válvula de escape para notícias terríveis demais para serem lidas pelos apresentadores e importantes demais para deixar de ir ao ar. Inventamos o hipopótamo do tempo, com a missão de divulgar fatos proibidos na linguagem criptográfica dos meteorologistas. Faltava batizar o hipopótamo, um boneco falante com a voz de Chacon Junior. Pedimos ajuda ao Hélio que pensou um minutinho e respondeu: Górgias. Um tributo ao filósofo Górgias, sofista grego morto em 380 AC, cujos escritos pareciam falar da repressão brasileira: ‘Nada existe; se existisse não poderia ser conhecido; se conhecido não poderia ser comunicado’.

Na semana seguinte, Górgias previu mau tempo: ‘Amanhã se cuidem porque é dia de tempestade. Raios e turbulência no sudoeste do Paraná’. Ao amanhecer saiu a lista de políticos cassados em Francisco Beltrão, cuja divulgação o major da censura tinha vetado.”

Leia Também

Leia Também