
Leonardo Petrelli, CEO da empresa de mídia, explica aposta em startups e novas tecnologias para ter novas fontes de receita sem precisar sair do mercado paranaense
Exame
Poucas indústrias perderam tanto a barreira de entrada como a da mídia. No passado, montar uma emissora de televisão requeria investimentos vultosos em equipamentos, estúdios, antenas e licenças de operação.
Hoje, um canal aberto de graça no YouTube cumpre o mesmo papel de entreter a audiência. Com tecnologia, um negócio até então essencialmente territorial, como o da televisão, perdeu fronteiras — vide o apelo global de streamings como Netflix e Amazon Prime.
À luz disso tudo, o empresário paranaense Leonardo Petrelli vem apostando alto em novas tecnologias para reforçar o apelo regional da mídia.
GRUPO RIC
Petrelli é fundador do Grupo RIC, um dos principais grupos de comunicação do Paraná, fundado em Curitiba, em 1987. Sob o guarda-chuva do grupo estão:
- 4 emissoras de televisão afiliadas à RecordTV
- 6 concessões de rádios com as marcas Jovem Pan e Folha FM
- 2 portais de internet: RIC Mais e R7 Paraná
- Revista TopView
Ao total, os veículos geram uma audiência mensal de 190 milhões de acessos só no Paraná. No estado vizinho de Santa Catarina, outro integrante da família Petrelli, Marcello, irmão de Leonardo, comanda a NDTV, conglomerado também filiado à RecordTV.
A ambição de Petrelli é transformar tudo isso numa mediatech focada em conteúdos feitos por paranaenses — ou com algum apelo àquele mercado.

Em 2022, o grupo RIC está investindo 20 milhões de reais em medidas para ampliar o rol de conteúdos regionais e, de quebra, aumentar as plataformas disponíveis para transmitir a programação.
Uma das frentes é a de mudar o consumo de publicidade. Em parceria com a startup Zedia, criadora de uma tecnologia para comando de tevês inteligentes (as smart TVs), a RIC criou um app para aumentar a interação com a audiência.
O app faz o seguinte: num programa da RIC transmitido a uma smart TV, o telespectador poderá responder a enquetes lançadas pelos apresentadores, ou enviar mensagens para a televisão ou para os anunciantes.
“É, em outras palavras, uma evolução do modelo atual de interação via QR code ou via número WhatsApp exibidos na tela da TV”, diz Petrelli.
Na frente de conteúdos, a RIC tem fechado parcerias com produtores paranaenses para divulgar a produção deles em canais digitais mantidos pelo Grupo. Nessa linha, 21 podcasts independentes passaram a ser divulgados nas redes sociais dos veículos da empresa.
Na lista estão temas até então fora do escopo tradicional de cobertura dos jornalistas da casa, como uma série sobre casos de abusos infantis, feita por uma sargento da Polícia Militar do Paraná, e um sobre cannabis medicinal.
Nos canais de YouTube e das redes sociais das emissoras da RIC, conteúdos de fontes independentes turbinam o fluxo de conteúdos gerados dentro de casa.
