
Pode ser que o atual presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, seja escolhido para a vaga deixada pelo ministro Teori Zavascki no STF.
Pode ser.
Há muita gente forte no páreo em busca desse grande prêmio.
A simples possibilidade de sua ida para o STF atiçou a curiosidade dos meios de comunicação e das redes sociais. Assim, o nome do jurista é o “da hora”. Muito mais por conta de seu perfil conservador, de católico ligado ao movimento Opus Dei, uma prelazia denominada pessoal, segundo o Direito Canônico, e com forte atuação em elites culturais e empresariais no Brasil e em países europeus e Estados Unidos.
Até “descobriram” que Ives mora numa paróquia de Brasília, onde ocupa um pequeno estúdio.
GANDRA FILHO REVELADO (2)
Ives Gandra Filho, celibatário, 57 anos, vive uma vida mais ou menos como a de um monge.
Segundo a Folha de São Paulo, ele confessou a uma agência de notícias católica entender o celibato como uma benção divina. Ele, na organização Opus Dei é classificado como “numerário”. Trata-se de alguém com voto de castidade, pobreza e obediência que vive sob as regras do movimento criado por monsenhor Escrivã, e cuja definição básica prega a chamada santificação no mundo do trabalho.
E Ives, curiosamente, preside o TST, a mais alta corte do trabalho no Brasil.
Certo é que, à medida em que o nome de Gandra crescer nas especulações, crescerão também as simplificações em torno do Opus Dei e das “características” de seus membros. As simplificações de análises deverão vir das redes sociais e de parte de muito jornalista até de bom nível. Isso porque o Opus Dei é uma organização fechada, que pouco ou nada comunica à sociedade sobre seus atos.
Eu recomendo, até por isso, que se leia a obra do jurista.
GANDRA FILHO REVELADO (3)
Não faltarão observações sobre a visão católica conservadora de Gandra, que em alguns pontos pode até conflitar com a humana visão do papa Francisco sobre temas como homossexualismo, casamento em segunda união, entre outros.
Socorro-me de minha amiga, a jornalista Maria Sandra Gonçalves, que, a meu pedido, me remete preciosa análise sobre a mais recente obra do presidente do TST:
GANDRA FILHO REVELADO (4)
“O Ives Gandra Martins Filho tem mais de uma dúzia de livros publicados, a maioria sobre Direito do Trabalho. Dois deles, porém, chamam a atenção pela mudança temática. Um deles, publicado pela Martins Fontes, é “O Mundo do Senhor dos Anéis”, que fala sobre a vida e a obra do escritor J.R.R. Tolkien. O outro, da Editora Campus, é “Ética e ficção: de Aristóteles a Tolkien”.
Neste último Gandra Martins Filho traz respostas da ética clássica para os problemas morais hodiernos. A ética das virtudes — e não a mera ética do dever — é para o autor a fonte de felicidade, como apregoou Aristóteles em “Ética a Nicômaco”, cujo sentido foi bem capturado pela obra de Tolkien.”