Redação – O Comitê de Funcionários contra a privatização da Celepar redigiu uma carta aberta a Guto Silva, secretário de Estado do Planejamento do Paraná. Segue na íntegra:
Carta aberta
Senhor Secretário Guto Silva,
“Dirigimo-nos a Vossa Senhoria, ex-assessor de nossa estimada Celepar, em um momento crucial para o futuro da tecnologia pública no Paraná. Estamos na era das inovações tecnológicas, onde a inteligência artificial, o reconhecimento facial e a biometria, em parte desenvolvidos ou implantados com o apoio da Celepar, impactam diretamente a vida do cidadão paranaense.
Hoje, mais do que nunca, a população exige respostas rápidas e eficientes do poder público, acostumada com a agilidade tecnológica do dia a dia. A Celepar tem sido protagonista nesse campo, oferecendo soluções inovadoras com segurança, economia e eficiência.
Ao longo de sua história, a Celepar esteve na vanguarda da transformação digital no Brasil. Foi pioneira em soluções de software livre e, mesmo enfrentando dificuldades como falta de investimento, de pessoal e de visão estratégica, manteve sua relevância graças à competência técnica de suas equipes e ao compromisso com a soberania digital do Paraná.
Acreditamos que o argumento de que uma empresa pública é necessariamente mais lenta e ineficiente não se sustenta. A Celepar, ao contrário, é capaz de atender demandas específicas do governo e da população sem as amarras do lucro. Com gestão estratégica, ela pode inovar, preservar os interesses públicos e continuar garantindo qualidade e economia.
Quanto à alegação de que a privatização traria economia, destacamos que as secretarias estaduais já têm a liberdade de contratar empresas privadas. Contudo, a escolha pela Celepar é recorrente devido à sua competência, rapidez e compromisso social, especialmente em crises como a pandemia, quando soluções emergenciais foram desenvolvidas com excelência.
Terceirizar integralmente os serviços da Celepar é arriscado. A experiência demonstra que o estado perde controle sobre preço, qualidade e prazos ao depender de empresas privadas. Além disso, o benefício fiscal que a Celepar possui por ser de economia mista seria eliminado, trazendo prejuízo ao estado.
A acusação de que a Celepar é um “cabide de empregos” é falaciosa e desrespeitosa.** Se há cargos políticos, a responsabilidade é do próprio governo, que pode extingui-los de imediato. Além disso, é importante destacar que a prática tem servido, na verdade, para acomodar parentes e aliados do próprio governo, como foi apurado pelo jornal Plural. Um exemplo disso é a nomeação de sua tia, Secretário Guto Silva, que ocupa um cargo na empresa. Extinguir a Celepar não acabará com essa prática; pelo contrário, esses cargos provavelmente serão deslocados para outros setores do governo, perpetuando o problema.
Outro ponto crítico é a segurança de dados. Com a privatização, os dados dos cidadãos paranaenses estariam mais vulneráveis. Exemplos recentes, como o uso indevido de bases de dados do Detran e da SEED, demonstram que a terceirização aumenta os riscos de violações da LGPD. Não é uma lei ou um conselho que garantirá segurança; é o controle estatal e o trabalho de profissionais capacitados.
O argumento de que “lá fora é assim” ignora o fato de que grandes instituições, como a NASA, nunca entregam áreas estratégicas ao mercado. O mesmo deve valer para a Celepar, cuja missão é estratégica para o estado.
Por fim, destacamos que a Celepar, com o devido investimento, pode ampliar ainda mais sua atuação, formando parcerias com o setor privado, promovendo o desenvolvimento tecnológico do Paraná e mantendo sua referência internacional.
Apelamos para que o governo do estado reconsidere sua posição e valorize a Celepar como instrumento público transformador, capaz de unir eficiência, segurança e economia em prol de nossa sociedade”.
Comitê de Funcionários contra a Privatização da Celepar