sábado, 21 dezembro, 2024
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Festival: Hamlet contra o preconceito e a desinformação sobre a Síndrome de Down

No Dia Mundial da Síndrome de Down, diretora da peça que abre o Festival de Curitiba fala do impacto transformador da arte

 

Agência de Notícias Festival de Curitiba

21 de março é o “Dia Mundial da Síndrome de Down”. Em uma semana, a peça Hamlet, do grupo Teatro La Plaza, abre o Festival de Curitiba com um elenco composto pela primeira vez por atores e atrizes portadores da síndrome numa montagem na Mostra Lucia Camargo.

O ineditismo da montagem não é exclusividade do Festival de Curitiba. Segundo a diretora Chela Ferrari nas instituições, festivais e teatros internacionais por onde a peça circulou desde 2021 nunca houve outra produção profissional com elenco “neurodivergente”.

Dessa maneira, a peça tem fomentado o debate sobre inclusão e o combate a desinformação e preconceito quanto à condição das pessoas portadores da Trissomia 21.

Chela conta que ao fim da primeira temporada de Hamlet em Lima, o diretor da Sociedade Peruana de Síndrome de Down a procurou e disse que a peça havia “alcançado uma projeção e gerado um debate maior do que todo o trabalho feito pela organização nos 20 anos anteriores”.

O mesmo impacto que tem se refletido na diversidade do público. “Nunca antes tivemos tantos portadores de Síndrome de Down na plateia. Alguns deles nos contaram que pela primeira vez se sentiram representados”, disse.

Ela explica que esta montagem é ainda mais especial quando pensamos que os atores e atrizes atuam sem o apoio de pessoas neurotípicas. Por este motivo, na escolha do elenco, nenhuma das razões pelas quais um ator teria sido rejeitado foi levada em conta.

“Refiro-me a características como dificuldade de vocalização, problemas de dicção, gagueira pronunciada, tempos atrasados ou momentos em branco. Nos perguntamos se seria possível encontrar valor nessas características que as convenções definem a má atuação e encontrar outras formas de representá-la”, disse.

Para Chela, a arte tem grande poder transformador e ela usa a própria experiência para demonstrar. “Antes de trabalhar neste projeto, se me perguntassem se a Síndrome de Down deveria ser erradicada, provavelmente teria dito que sim. Hoje tenho a convicção de que o mundo é um lugar melhor porque existem pessoas com Síndrome de Down”, disse.

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