Hamlet, Karaíba, O Tempo e a Sala e Stabat Mater abrem a Mostra a partir desta terça (28) e quarta (29)
Para a edição de 2023 do Festival de Curitiba, o trio de curadores da Mostra Lucia Camargo – Daniele Sampaio, Giovana Soar e Patrick Pessoa – escolheu 32 espetáculos, que representam toda a pluralidade de produção teatral contemporânea. A programação conta com grandes nomes do teatro nacional, produções paranaenses e o retorno do Fringe. A seguir, confira as primeiras estreias da Mostra:
Hamlet
Um grupo de pessoas com síndrome de Down sobe ao palco para compartilhar seus anseios e frustrações por meio de uma versão livre de Hamlet.
A peça é uma trama entre o texto de Shakespeare e a vida dos atores e toma como ponto de partida a questão da existência: Ser ou não ser? O que significa ser para as pessoas que não encontram espaços onde são levadas em consideração? Nas palavras de Chela De Ferrari, diretora e dramaturga da peça: Historicamente, as pessoas com Síndrome de Down têm sido consideradas um fardo, um lixo social. Que valor e sentido tem hoje sua existência em um mundo onde eficiência, capacidade de produção e modelos inatingíveis de consumo e beleza são o paradigma do ser humano?
Quando? Terça 28 de março, às 20h30, no Guairão.
Karaíba
“Karaíba” é a adaptação do livro homônimo de Daniel Munduruku, onde só a imaginação nos faz seguir e entender as palavras e profecias de um passado e um presente vivos em nós. Neste espetáculo, o convite é para imaginarmos essas terras 523 anos antes das caravelas. Imaginar os povos Tupinikin, Turyaçu e Anhangás que aqui viviam e vivem, seus conflitos e seu modos de ver o mundo.
Imaginar o karaíba percorrendo pelos caminhos de Pindoretá junto aos personagens dessa nossa odisséia sonora teatral. O espetáculo é baseado na obra literária “O Karaíba: uma história pré-Brasil” de Daniel Munduruku.
Quando? Terça (28) e quarta 29 de março, às 20h30, no Teatro Sesc da Esquina.
O Tempo e a Sala
Dois homens, dois guardiões do tempo, refletem sobre o limite entre o tempo e o espaço a partir de suas memórias e dramas pessoais.
Em um apartamento antigo, no centro de uma grande cidade, vivem Julius (Rodrigo Ferrarini) e Olaf (Daniel Warren). Dois homens que, como guardiões do tempo, observam a cidade e, a partir de suas memórias, atraem para dentro do ambiente a personagem Marie Steuber (Simone Spoladore), cujas memórias e dramas pessoais tomam conta do lugar, fazendo parte da realidade e/ou dos devaneios dos anfitriões. Houve uma festa naquele lugar? As personagens existem de fato? O que é sonho e o que é realidade? O que é concreto e o que é imaginação? Quais os limites entre o tempo e o espaço?
Quando? Terça (28) e quarta 29 de março, às 20h30, no Guairinha.
Stabat Mater
Em Stabat Mater, Janaina Leite (prêmio Shell de dramaturgia) propõe uma palestra-performance sobre a história da Virgem Maria ao longo dos séculos, ao mesmo tempo em que tenta dar conta do apagamento da mãe em seu espetáculo anterior, Conversas com meu Pai. Onde estava a mãe? Pergunta que é indiretamente respondida por meio da Virgem Maria e o célebre stabat mater – no latim “a mãe lá estava” – referência ao poema do século XII que consagrou o tema da jovem mãe aos pés do filho na cruz. A partir do texto da filósofa e psicanalista Julia Kristeva, a montagem, mais do que a experiência do ser mãe, busca nessa (con)fusão, as origens de um arranjo histórico entre o feminino e o masculino, mas, não sem antes correr os riscos de enfrentar os mecanismos de gozo e dor que fixam essas posições.
Quando? Terça (28) e quarta 29 de março, às 20h30, no Teatro Zé Maria.