Por André Nunes
A programação de sexta-feira (31) no Festival de Curitiba trouxe espetáculos para todos os gostos. A curitibana Selvática estreou seu Adoráveis Transgressões no Teatro José Maria Santos, marcando presença pelo segundo ano na Mostra Lucia Camargo (a primeira vez foi em 2018).
A sinopse: o canal latino-americano “Adoráveis Transgressões” exibe a novela “O Coquetel das Loucas ou Irina, quem diria, acabou em Rabat”, encontro dos universos da curitibana Leonarda Glück e do franco-argentino Copi. Família e Estado em derrocada. Neva em Moscou. A governanta Goliarda encontra um embrulho suspeito e muitas ratas na sala de jantar. Série de mortes inesperadas. Irina é negociada. Leila foge de Alcatraz. Olga se transforma em Madame Simpson.
Um Tchekhov em meio à estética de cabaré rocambolesco repleto de reviravoltas. Muita irreverência e anarquia marcam a apresentação da Selvática, que faz sua segunda sessão neste sábado (1º), às 20h30.
Vienen por mí
Com sessões às 17h e 22h, dentro da Mostra de Solos, Vienen por mí é encenada por Fábia Mirassos com direção de Janaina Leite (de Stabat Mater). A peça faz um convite para contestar as autoridades de forma plural e cênica, misturando maquiagem e filosofia travesti, ao propor metáforas que incluem o corpo travesti em diferentes linguagens como poesia, performance, monólogo e stand-up.
Uma junção de diferentes gêneros textuais, tal qual a própria travesti. Vienen Por Mí busca construir uma biografia LGBTQIA+, além de funcionar como ferramenta política de ocupar um lugar de fala que até então lhes foi silenciado.
Num país que mata mulheres e travestis diariamente, entre as nações que mais o fazem no mundo, um texto forte e necessário, escolha da Mostra de Solos que evidencia ainda mais o lema de um “Festival para todos” – e sobre todos. Afinal, em meio a um expectativa de vida que vai dos 17 aos 35 anos, toda travesti merece ocupar o espaço que desejar, fazendo a arte ou a profissão que desejar.