Desde 27 de março, a 31ª edição do Festival de Curitiba vem encantando o público e lotando os teatros da cidade. Neste final de semana, 7 espetáculos marcam o encerramento da Mostra Lucia Camargo este ano. Confira:
Eu tenho uma história que se parece com a minha (dias 7 e 8, na Casa Hoffmann)
O espetáculo é uma perfomance instalação concebida por Tetembua Dandara e ativada pelo encontro de uma neta e sua avó, Dirce Poli, de 95 anos, com interferências de sua mãe, Neuza Poli, e de sua irmã, Mafoane Odara. O público é convidado a adentrar um espaço que pode remeter a uma sala de vó, quintal ou mesmo uma festa dos anos 90, podendo acompanhar como, quanto e onde quiser, as narrativas que vão sendo reconstruídas pelas vozes, sabores e olhares presentes. Essa história é também um livro fotográfico que é distribuído para o público, com espaços em branco (e preto) que se estabelecem num diálogo de imagens, e poucas palavras.
E.L.A. (dias 7 e 8, no SESC da Esquina)
Um espetáculo para instigar a autonálise a partir da relação de cada um consigo mesmo, questionando os corpos e suas interações com o mundo, para o empoderamento do sujeito. Pudesse ser apenas um enigma. Mas não. O corpo faz problema. O corpo dá trabalho. Pode ser muitos. Pode ser, inclusive, o que não queremos. O corpo será sempre o que ele quiser? É social. É político. É tecnológico. É inconsciente. Pensamento. Desejo. Invisível. Invasor. O corpo se despedaça. É estrutura. É movimento. Mas, sobretudo, é estranho. Eu sou o outro e a outra. Teimo e re-existo. Ele se degenera e E.L.A se faz impossível.
Sonho de uma noite de verão (de 6 a 9, no Dizzy Café Concerto)
Uma versão alegre e celebrativa da obra de Shakespeare, com direção do curitibano Maurício Vogue. Uma contemporânea adaptação da obra de um dos clássicos de William Shakespeare, dirigida por Maurício Vogue, o espetáculo tem como proposta “a grande homenagem a vida”, transpondo toda a encenação por meio de uma grande celebração, que terá como cenário o estonteante Jardim do Dizzy Café Concerto, localizado em uma das históricas construções de Curitiba. O espetáculo ainda conta com a presença de uma DJ, que operará a trilha em todas as apresentações.
Matéria escura (dias 7 e 8, no Teatro da Reitoria)
A detecção de uma força através de sintomas que essa mesma força acusa nos corpos que atravessam por ela. Um corpo invisível, que vincula sua aparência à modificação de outros corpos para manifestar sua existência. Na escuridão tudo é engolido? Na distração dos olhos, o que não conseguimos ver? Na atenção à integração dos sentidos, é possível mapear o ponto cego da presença? Extinção é uma aparência. Oportunidade feita de aparência. Tudo se move até o fim.
A invenção do nordeste (dias 8 e 9, no Guairinha)
Um diretor é contratado por uma grande produtora para realizar a missão de selecionar um ator nordestino que possa interpretar com maestria, um personagem nordestino. Depois de vários testes e entrevistas, dois atores vão para a final e o diretor tem sete semanas para deixá-los prontos para o último teste. Durante as 7 semanas de preparação, os atores refletem sobre sua identidade, cultura, história pessoal e descobrem que ser e viver um personagem nordestino não é tarefa simples. O espetáculo é uma obra de auto-ficção baseada no livro homônimo do Dr. Durval Muniz de Albuquerque Jr.
Enquanto você voava, eu criava raízes (dias 8 e 9, no Teatro Zé Maria)
Uma história de sombras que se fundem. No tempo suspenso de um sonho, numa dimensão metafísica, esse universo nos conduz aos próprios sonhos, aos próprios abismos com a eterna sensação de que a qualquer momento podemos cair nesse profundo mistério. Uma fusão entre teatro gestual e artes visuais, que perturbam as percepções e revelam a força de um onirismo que remete à poesia. As vozes serão os silêncios, e os olhares serão abissais.
Grupo Corpo: Primavera e Breu (dias 8 e 9, no Guairão)
Grupo Corpo chega ao Festival trazendo Primavera, espetáculo criado durante a pandemia, com trilha da Palavra Cantada. Completa o programa, Breu, de 2007, coreografado por Rodrigo Pederneiras e com música de Lenine. Em Primavera, o balé tem o espírito do divertissement, incorpora e, de certo modo, abraça as interdições daquele momento pandêmico. Em Breu, uma tradução poética da violência e da barbárie dos dias que vivemos, em que a potência, a angulosidade e a rispidez dão o tom do balé.
Confira todos os detalhes da programação no site do Festival