Fernando Antonio Miranda é boa mostra da denominada nobreza curitibana, aquele patriciado que, informalmente, identifica homens e mulheres essenciais e referenciais da vida e história de Curitiba. Trata-se de elite de várias dimensões – profissional, financeira, cultural, artística, política, esportiva… É gente que não vive sem a cidade, e a cidade de hoje teria muito menos importância se não os tivesse entre os seus. É um universo de homens e mulheres que “está no comando”.
Já no primeiro contato com Fernando Miranda, o patrício destas linhas, mesmo as novas gerações, que pouco conhecem de sua história de vida, chegarão à mesma conclusão: ele nunca “saiu do comando”: pertence àquele grupo de notáveis, nomes que se impõem à História.
2 – ADVOGADO, “GLOBETROTTER”, SOCIALITE…
Em Miranda subsistem, além do advogado, também o homem com feições de diplomata; o vendedor transitando com desenvoltura no universo do comércio exterior; o globetrotter em suas incursões pelo mundo da cultura clássica, dos grandes espetáculos e das exposições internacionais de arte; o líder empresarial com história consolidada em missões de comércio internacionais; o homem público que comandou uma Secretaria de Estado inovadora, a de Indústria e Comércio; o socialite que marcou época pela arte de bem receber; o dirigente de obras comunitárias, como a Associação dos Amigos do Hospital de Clínicas da UFPR, do qual foi um dos fundadores, e presidiu por anos seguidos; o educador que criou a primeira escola de negócios e comércio exterior do Paraná, a FACE, depois vendida ao grupo educacional Positivo; e o homem de posições políticas liberais, acima de siglas partidárias, no que ainda é um incansável atuante.
3 – A CASA DAS PEDRAS
Por anos, a chamada “melhor sociedade curitibana” gravitou, em boa parte, em torno de eventos promovidos por Fernando Miranda em sua esplendorosa Casa das Pedras, em Caiobá, projeto de Sérgio Bernardes. Por lá desfilavam chefes de estado, empresários de alto coturno do mundo todo, políticos de expressão nacional e gente da sociedade e do café society, cantores como Pery Ribeiro, a socialite carioca Márcia Chagas Freitas, a escritora Marisa Raja Gabaglia, Carmen Mayrink Veiga, os colunistas Giba Um, Pomona Politis, Nina Chaves, os Ermírio de Moraes, além de nomes do “baú”, paranaenses de todas as latitudes. Para governadores do Paraná, atender a convites para eventos na Casa das Pedras era mais ou menos, obrigatório.
E o lendário presidente Juscelino Kubitschek, uma das admirações políticas de Fernando Miranda, tinha agendada temporada de férias naquele cenário único, quando, dias antes, veio o desastre que o matou.
(Trecho do volume 7 de meu livro Vozes do Paraná, a ser lançado em 10 de setembro na EBS Business School).