quinta-feira, 3 julho, 2025
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Férias: oportunidades para fortalecer vínculos familiares

Assessoria – Com a chegada das férias escolares de julho, muitos pais e responsáveis se veem diante de um desafio que vai além da organização de atividades para ocupar o tempo das crianças: é também um período que coloca à prova a convivência familiar. Entre rotinas alteradas, mudanças de dinâmica e, em alguns casos, viagens e divisões de tempo entre casas diferentes, o recesso escolar pode ser tanto uma fonte de estresse quanto uma oportunidade valiosa de fortalecimento de vínculos.

Para a psicóloga Cris Aguiar, especialista em Terapia Familiar e de Casais, o período das férias deve ser encarado como um convite à desaceleração e à reconexão. “Fortalecer vínculos não exige grandes eventos, mas sim presença verdadeira. Atos simples, como cozinhar juntos, brincar, assistir um filme com atenção e conversar sem pressa geram memória afetiva e senso de pertencimento”, afirma a autora do livro Ninguém quer ser Madrasta!

Segundo Cris, o chamado “tempo de qualidade” é essencial para o desenvolvimento emocional das crianças, e não está ligado à quantidade de horas disponíveis, mas à forma como o adulto se faz presente. “É sobre estar disponível emocionalmente: desligar o celular, escutar com interesse, validar sentimentos e participar ativamente da vida da criança. Um tempo breve, mas inteiro, pode ser mais transformador do que um dia todo distraído”, ressalta a professional.

Desafios da convivência em famílias separadas ou mosaico

As férias também exigem atenção redobrada em famílias que convivem com a separação dos pais ou estruturas familiares mais complexas. Nessas situações, o planejamento prévio e o respeito entre os adultos são fundamentais para garantir o bem-estar emocional dos filhos.

“A chave está na cooperação entre os adultos, não na competição. Criança não deveria ser mensageira, nem juíza, nem moeda de troca”, alerta Cris. Ela ressalta a importância de acordos claros entre os pais, para que a criança se sinta segura e livre para aproveitar seu tempo com cada membro da família.

No caso das chamadas “famílias mosaico”, abordadas no livro da autora, que envolvem madrastas, padrastos, meio-irmãos e novos núcleos familiares, o desafio é ainda maior. “As férias são um verdadeiro teste de convivência e adaptação. Conversas francas, combinados claros e abertura ao diálogo evitam conflitos desnecessários”, recomenda.

Viagens e divisão de tempo

As viagens em família, embora desejadas por muitos, também podem se tornar um ponto sensível. Para a psicóloga, a decisão sobre “quem vai viajar com quem” deve ser tomada com empatia e foco no bem-estar da criança, evitando a lógica da disputa.

“É fundamental que a criança não perceba que sua presença causa desconforto ou ciúmes. Quando os adultos se respeitam, a criança se sente mais livre para aproveitar cada momento — seja com o pai, a mãe, os avós ou mesmo com a madrasta e o padrasto”, acrescenta Cris Aguiar.

Em um mundo acelerado e cheio de exigências, as férias de julho podem ser uma rara oportunidade para se estar verdadeiramente presente. Como lembra Cris Aguiar, “o afeto cotidiano, não necessariamente extraordinário, é o que estrutura vínculos seguros e duradouros”.

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