Até meados da próxima semana, depois que os cristãos evangélicos de Curitiba tiverem celebrado a Ressurreição de Jesus, será dada partida a uma eleição que interessa à comunidade abrangente (toda Curitiba) e particularmente a uma dúzia de igrejas que fazem parte do Conselho Deliberativo da Sociedade Evangélica Beneficente (SEB).
Trata-se da eleição que vai escolher – até final deste mês de abril – o novo presidente da SEB e os membros da nova diretoria. A instituição é a mantenedora do Hospital Evangélico de Curitiba e da Faculdade Evangélica do Paraná (vários cursos da área de Saúde e o de Teologia).
Colégio Eleitoral
O Colégio Eleitoral, no caso, deve ser composto de aproximadamente 25 eleitores (conselheiros representantes de igrejas fundadoras da SEB). Duas das igrejas fundadoras deixaram, nos últimos meses, de participar do Conselho.
O extraordinário interesse que cerca o pleito tem várias razões. A mais forte delas pode expor, para o grande público, as divisões que existem no meio evangélico. Parte dessa divisão foi gerada pelas administrações anteriores à atual, marcadas por denúncias, como as geradas nos tempos do deputado Zacharow, quando o Tribunal de Contas (TCU) condenou os recursos federais mal aplicados nos chamados cursos para guias de turismo para a Copa. Foi uma situação esdrúxula de mau uso de verbas públicas – R$ 3 milhões – decorrentes de emendas parlamentares ao orçamento.
PF continua investigação
A quebra de confiança no grupo que por 20 anos comandou a SEB ampliou-se, depois, com investigações da Polícia Federal, feitas pelo Ministério Público Federal, e que foram, ano passado, acentuadas a pedido do ministro Celso de Mello, do STF.
O ministro Celso de Mello determinou que a PF ampliasse as investigações sobre as acusações de que André Zacharow utilizara funcionários do Hospital Evangélico para cuidar de sua campanha eleitoral. Isso no horário de trabalho no Hospital e ganhando da instituição.
E foi dado prazo, na ocasião, até fevereiro deste 2014, para que a PF enviasse os resultados ao MPF e STF. Nada mais transpirou dessa investigação.
Batistas: prós e contras
Afora essas e outras denúncias, as dificuldades herdadas pela atual diretoria, presidida pelo presbítero João Jaime Ferreira, da Igreja Presbiteriana do Brasil, são muitas. Uma delas, o enorme déficit com que o Hospital foi recebido (cerca de R$ 260 milhões) pela atual administração; os atrasos constantes no repasse de verbas públicas para a instituição e – não menos importante – o grande desgaste provocado pelas acusações contra a médica Virgínia Soares. Ela, apontada como “anjo da morte”, acusada (não houve condenação…) de “facilitar óbitos na UTI geral” do Hospital, foi “herança” de outras administrações.
Enfim, as cartas estão na mesa. A reeleição de João Jaime é considerada com grande possibilidade de ocorrer, segundo avaliadores do meio evangélico. O grande núcleo de resistência estaria na Primeira Igreja Batista de Curitiba (pastor Roque Piragine), e Igreja Batista de Vila Guaíra. Essas duas são consideradas terrenos de Zacharow.
Mas, “para compensar” – conforme diz à coluna um dirigente da Igreja Batista do Bacacherí, uma enorme congregação -“nós estamos fechados com o presbítero João Jaime, que luta um bom combate”.