sábado, 13 setembro, 2025
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Escola do MP promove curso sobre “ativismo judicial” com críticos do STF

Estadão

A Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) começou a promover nesta segunda-feira, 24, um curso sobre “ativismo judicial” no Brasil. As aulas estão sendo ministradas por promotores, advogados e juízes ligados a movimentos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. O objetivo do curso é mostrar que “o ativismo judicial e ministerial e a juristocracia colocam em risco a democracia”.

Serão, ao todo, 12 horas de aula a distância, até o dia 27 de outubro. A descrição do curso apresenta como justificativa “a necessidade de análise do ativismo judicial, ministerial e da juristocracia para estudo de suas consequências”.

O orientador responsável é o promotor de Justiça Militar Adriano Alves-Marreiros, crítico da esquerda. Todos os convidados são alinhados às críticas ao Supremo Tribunal Federal. Parte deles integra grupos e promove atividades para difundir ideias do conservadorismo e de direita no meio jurídico. Alguns fazem publicações de apoio a Bolsonaro.

O curso é realizado no momento em que integrantes do governo falam abertamente em frear a atuação de integrantes das Cortes Superiores, como o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, também ministro do Supremo. Em setembro, a escola promoveu curso que versava sobre “a desmilitarização da polícia e outros equívocos” e citava uma suposta “policiofobia da imprensa”. O promotor Marreiros também era o orientador responsável.

Claudia Rodrigues de Morais Piovezan, promotora de Justiça do Paraná

Além dele, ministrarão aulas os juízes Harley Wanzeller Couto da Rocha, do Tribunal Regional do Trabalho da 8.ª Região, e Ludmila Lins Grilo, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ambos são admiradores do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e da obra do escritor Olavo de Carvalho, que foi um dos gurus ideológicos de Bolsonaro.

A juíza é investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No mês passado, a corregedoria nacional abriu um processo disciplinar contra ela para apurar as relações com o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido nos Estados Unidos. Ela já teve redes sociais bloqueadas e virou alvo do CNJ também por publicações depreciativas sobre decisões do Supremo. Ludmila foi punida antes com advertência por incentivar aglomeração durante a pandemia da covid-19.

Também vão falar o procurador de Justiça do Rio Marcelo Rocha Monteiro; a promotora de Justiça do Paraná Claudia Rodrigues de Morais Piovezan (foto), crítica da “nova ordem mundial” e do inquérito das fake news no STF; Isabelle Cristina Santos Monteiro, advogada e defensora do ensino doméstico, o homeschooling, bandeira bolsonarista; e o procurador da República Cleber de Oliveira Tavares Neto.

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