sexta-feira, 3 outubro, 2025
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Entre Espaços: Quando a arquitetura vira experiência

Sumi Costa* – Até o dia 25 de novembro, Curitiba recebe a segunda edição da Mostra Black Home Sul, que aporta na capital com o tema Black Experience e a missão de transformar a forma como a gente vive e sente a arquitetura. O evento vai além de exibir tendências: a proposta é mergulhar os visitantes em ambientes que despertam emoções, memórias e sentidos, criando uma verdadeira viagem sensorial.

São 20 ambientes assinados por 25 nomes de peso da arquitetura, do design de interiores e do paisagismo, ocupando duas charmosas casas no Batel. Texturas, cores, luz, aromas e até sons entram em cena para contar histórias e provocar sensações únicas. “Queremos que cada pessoa que passe por aqui leve uma memória emocional consigo”, resume Fernando Rodrigues, CEO da mostra.

Cozinha Gourmet assinado por Viviane Busch. Painel de MDF Movepar Curitiba. Crédito: Bia Nauiack

Com programação que inclui palestras, ativações e encontros, a Mostra Black Home Sul se consolida como um espaço de inspiração para profissionais e apaixonados por design, arte e arquitetura. Dos espaços residenciais a wine bars, lounges e restaurantes, cada detalhe foi pensado para ser vivido intensamente — porque, por aqui, arquitetura não se olha, se sente.

Entre os 25 nomes que assinam os 20 ambientes da mostra estão alguns dos principais profissionais da arquitetura, design de interiores e paisagismo do Sul do país. O time reúne veteranos consagrados e talentos em ascensão, que exploram desde suítes e cozinhas gourmet até wine bars, lounges e jardins. Entre eles, figuram nomes como Ivan Wodzinsky, Luiz Maganhoto e Daniel Casagrande, Rosa Dalledone, Viviane Busch além de jovens arquitetos que trazem frescor e inovação às propostas.

Artesian reinventa sua história e aposta em design autoral”

Com quase 50 anos de estrada, a paranaense Artesian vive um momento de renovação. Criada por Dorival Hadas, nome visionário que antecipava tendências ao buscar referências fora do Brasil, a marca cresceu apoiada em uma estrutura industrial robusta e diversificada, que vai da marcenaria à metalurgia. Hoje, com duas plantas no Sul do país e mais de 300 colaboradores, a empresa atende clientes de peso como shoppings BR Malls, redes hoteleiras e grupos gastronômicos, produzindo em média 2.500 peças por mês. Após a perda de seu fundador durante a pandemia, a condução ficou a cargo de sua filha, Doriane Hadas Abage, engenheira mecânica que trouxe precisão, processos industriais e agora um olhar voltado ao design autoral e ao futuro.

Ana Penso, coleção Opera Artesian. Credito: Jon

O passo mais ousado dessa nova fase veio em 2025, com a estreia de uma diretoria criativa liderada pela designer Ana Penso. Sua primeira coleção, batizada de Ópera, homenageia a icônica Ópera de Arame em Curitiba e traduz simplicidade funcional em metal, numa pegada inspirada pela Bauhaus. Junto ao novo gerente industrial, Patrick Afornalli, a empresa modernizou sua estrutura, investiu em tecnologia e incluiu práticas de sustentabilidade, além de adotar um calendário de lançamentos mensais que mantém o catálogo sempre atualizado. A presença em mostras de arquitetura e design, como a CASACOR Ribeirão Preto e a Mostra Black Curitiba, reforça o reposicionamento. Para os próximos anos, a meta é ir além das fronteiras nacionais, transformando o mobiliário da marca em experiências que dialogam com branding, inovação e internacionalização.

Da UTI neonatal ao ateliê: a história de quem se reconstruiu pelas próprias mãos

Por quase 25 anos, a curitibana Maria Angélica Telles viveu entre incubadoras, corredores de hospital e plantões sem fim. Neonatologista em Curitiba e Pato Branco, esteve no centro da urgência, cuidando de prematuros, enfrentando doenças graves e entregando notícias difíceis. A pandemia, no entanto, foi o ponto de virada: entre caixões lacrados, despedidas dolorosas e a dor de ver crianças partirem sem os pais por perto, Maria percebeu que precisava se reencontrar. E esse reencontro veio pelas mãos — literalmente. A cerâmica, que começou como passatempo em 2017, virou refúgio em 2021 e, pouco depois, caminho de cura.

Curitibana abandona a medicina para trabalhar com cerâmica artesanal. Foto: Mel Maia

Em 2025, ela trocou o jaleco pelo barro e inaugurou em Curitiba o Almamia, um ateliê que une arte, estética e acolhimento. Inspirada por estúdios da América Latina, além de referências japonesas e escandinavas, Maria criou um espaço intimista, onde cada peça carrega afeto e intenção. Localizado no bairro Mercês, o ateliê oferece oficinas, vivências e peças autorais, sempre em grupos pequenos, para que o tempo desacelere e o gesto manual se torne linguagem. “Modelar é escutar em silêncio, é se reconstruir pelas próprias mãos”, diz ela, que hoje vê na cerâmica não só uma profissão, mas uma escolha de vida.

Pautas e contatos colunaentreespacos@gmail.com

*Formada em Relações Públicas e Jornalismo pela UFPR, Sumi Costa atua em Assessoria de Imprensa desde 1997. Com trajetória consolidada na comunicação institucional e produção de conteúdo, assina esta coluna voltada a projetos criativos, novos produtos, tendências do morar e os bastidores do setor imobiliário.

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