terça-feira, 2 setembro, 2025
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Eloi Zanetti: Quantas palavras você domina?

Uma das maiores dificuldades da comunicação interna nas empresas é a falta de verbalização de alguns profissionais ao necessitar explicar ideias, conceitos e projetos. Muitos são ótimos no domínio técnico das suas matérias, mas péssimos na hora de explicá-las porque lhes faltam vocabulário. Observamos excelentes engenheiros, bons laboratoristas e ótimos médicos que, na hora de passar conteúdo, travam.

É fácil identificá-los, pois eles tentam explicar o que precisam tatibitateando em busca de palavras que não existem dentro de si. Os sinais são claros: olham para cima remexendo os olhos, repetindo palavras e frases sem conexão numa sucessão de pensamentos desarticulados. “Eu sei que sei, mas não sei explicar porque me fogem as palavras.” Dizem quando necessitam esclarecer algo, principalmente em público.

A carência de um bom vocabulário faz a estagnação de carreiras promissoras. Para os cargos de maior relevância é preciso ir além do conhecimento da técnica. Para ser líder é preciso saber se exprimir com clareza e de maneira lógica. Dominar a arte de criar e contar histórias com a intenção de indicar propósitos e fornecer senso de direção e pertencimento aos seus comandados. Se você não nasceu com essas características, o hábito da boa leitura pode ajudá-lo. O domínio de um bom vocabulário é construído por meio de muita leitura e ao longo do tempo e, como o executivo médio brasileiro lê muito pouco, cerca de dois livros por ano, a comunicação tornou-se um dos maiores problemas dentro das empresas. Um dado alarmante para um país que se diz globalizado.

As maiores desculpas para a não-leitura é a falta de tempo e o “eu não gosto de ler.” O remédio é começar devagar, escolhendo livros fáceis de serem digeridos. Leve-os consigo aonde for, leia no ônibus, nas salas de espera e no banheiro, o melhor lugar para uma leitura tranqüila. Arranje tempo, leia de madrugada quando perder o sono. Troque três dias por semana dedicados à televisão ou as redes sociais por algumas horas de leitura e, para pegar gosto aos poucos descubra e frequente os grupos de leitura da sua cidade. Com o tempo aprenderá a fazer melhores escolhas. Mas não se iluda, os resultados só virão a longo prazo. A leitura precisa de sedimentação para começar a fazer diferença na vida das pessoas. Mas, uma vez adquirido o hábito, os resultados serão bons, compensadores e para sempre.

Um vendedor de loja domina três mil palavras, a nível de supervisor umas seis mil. Shakespeare, na época em que o idioma inglês continha 150 mil palavras, dominava 20 mil e acrescentou mais seis mil à língua inglesa. Hoje, um presidente de empresa, de bom nível, se utiliza de 50 a 60 mil palavras para explicar como as coisas devem ser feitas. Quer fazer diferença na carreira? Comece a ler. Leia de tudo, dos livros técnicos da sua profissão aos clássicos, da boa ficção até aos livros de auto-ajuda.

Não é só para se expressar bem que precisamos de vocabulário, a posse de muitas palavras permite aumentarmos nossa criatividade. Com mais informações na memória, podemos fazer o que chamamos de polinização cruzada criativa, que é pegar uma informação de um lado, levar para o outro, cruzar com uma terceira e criar uma nova idéia. Quanto mais leitura, mais criativo você será. Quanto mais vocábulos dominar, mais dominará o ambiente de trabalho e de negócios. Terminou de ler este artigo, comece a ler um livro.

*Eloi Zanetti é escritor, especialista em marketing e comunicação corporativa. Contato: eloizanetti@gmail.com

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