Um jovem casal de Curitiba, Lívia Kohiyama e Ismael Proença – o Junior Kayaker -, criou na Barra do Turvo, divisa PR/SP pela Rodovia Régis Bittencourt, uma base operacional para descida de rio em rafting – botes infláveis de borracha altamente resistentes a impactos e grande flutuação. Lívia trabalhava no Ministério do Turismo e foi em uma descida no Rio Novo, no Jalapão (TO) que conheceu o Junior. Em 2010, partiram para carreira solo e criaram a Explore Turismo de Aventura, cuja primeira operação de descida em rio encachoeirado foi em Prudentópolis. Em 2016 por indicação de um morador local, descobriram e criaram uma base na Barra do Turvo na divisa entre os estados Paraná e São Paulo.
Ao longo dos anos, desde 2000, Junior Kayaker foi se especializando no esporte e atualmente divide seu tempo entre temporadas de chuvas e cheias no Brasil e degelo e cheias nos Estados Unidos onde trabalha como guia em diversas descidas. Nas suas viagens, além de melhorar a técnica e as operações de administração nesta modalidade de esporte, aproveita para comprar novos equipamentos.
Rafting quer dizer balsa
Esses botes de borracha usados para descer corredeiras foram inventados pelo Exército Americano na Segunda Guerra como veículo de ataque, sabotagem a navios e desembarque em praias inimigas. Com o tempo foram aperfeiçoados e, pela praticidade de manejo e resistência a choques com pedras, ganharam o mundo comercial e hoje o rafting é um esporte que conquista adeptos em todo mundo. Algumas descidas são famosas como as do Rio Colorado e North Fork nos Estados Unidos, Futaleufu no Chile e Zambeze na África. No Brasil as mais conhecidas são as corredeiras de Brotas (SP) onde boa parte da cidade vive da prestação de serviço deste esporte. Pelas características dos rios Turvo e Betari, onde o casal trabalha, a aposta é certa e está acontecendo um bom fluxo de turismo para o local, beneficiando toda a comunidade de Barra do Turvo e Iporanga (Parque PETAR).
Família que desce corredeira unida permanece unida
Lívia conta que o rafting atrai novos praticantes a cada temporada; começou com o entusiasmo dos jovens por esportes de aventura e, aos poucos, está se tornando o queridinho das famílias. Junior já guiou descidas transportando crianças e idosos com mais de 80 anos. Ninguém entra no bote sem antes estar munido de colete salva-vidas, capacete, de passar por instruções e treinamento de manobras. Nos trechos mais difíceis são colocados seguranças com equipamentos de resgate, pois tombos na água podem acontecer – e, muitas vezes, por diversão são bem-vindos. Até hoje, nenhum acidente aconteceu sob sua supervisão.
Nas descidas todo santo ajuda – nem tanto
O casal ficou um ano analisando vários trechos do rio Turvo para estudar as condições de segurança, pois não podem haver sumidouros e passagens por corredeiras complicadas. Feito este mapeamento, definiram percursos que variam de 3 a 8 km com passeios de uma hora a uma hora e meia de duração em média.
Ao todo operam em três rios: Turvo, Pardo e Betari – este último está próximo ao Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira- PETAR. É o rio preferido pelas famílias, pois formam-se remansos com água de cor azul turquesa e durante o seu percurso contempla-se a exuberante Mata Atlântica. Não é à toa que a região chama-se Iporanga, palavra que significa “rio bonito”. A região abriga também mais de 150 cavernas em diferentes núcleos, como Santana, Ouro Grosso e Casa de Pedra. Também está próxima da famosa Caverna do Diabo.
Os passeios são divididos em três grupos: descida normal, contemplação da natureza e aventura e custam entre- valores, de R$168,00 a R$200,00. Informações podem ser obtidas pelo fone 41-999282493 e 15-99120-4645.
Como chegar
Partindo de Curitiba em direção a São Paulo pela Régis Bittencourt, à altura do km 503, pouco antes do segundo posto de pedágio faz-se um retorno, percorre-se 8 km e entra no acesso no km 551 em direção à cidade de Turvo. A base da Explore está no km 21. O tempo até lá, partindo de Curitiba é de 1h30 e de São Paulo 3h30. Como os paulistas gostam mais de pegar estrada, a maior parte dos clientes vêm de São Paulo.
Jovens casais procuram vidas alternativas fora dos centros urbanos
O trânsito caótico, a poluição, a rotina agitada e consumista nas grandes cidades está fazendo com que jovens casais procurem nas áreas rurais por um estilo de vida mais simples, saudável e menos complicado; tendência que já acontecia e aumentou consideravelmente durante a pandemia.
Os neorurais
Este comportamento já ganhou um nome – “os neorurais”. Eles buscam o bem-estar físico e mental, gostam de alimentos saudáveis, vida ao ar livre, esportes radicais e cultivam produtos orgânicos. Em alguns lugares já se formam verdadeiras comunidades. Oriundos das cidades revitalizam o meio rural com novas energias, ideias e até algum capital. São criativos, gostam de inovação e, em muitos casos, trabalham de forma remota prestando serviços pela internet.
*Eloi Zanetti é escritor, especialista em marketing e comunicação corporativa. Contato: eloizanetti@gmail.com