Senhor jornalista:
Em sua matéria do dia 22 de outubro, ‘Para essa igreja, “advocacia é profissão do diabo” …’, sua senhoria menciona sobre pastores sem apontar o nome da igreja, que acreditam que a profissão de advogado é do diabo. No entanto, é mencionado o nome da Igreja do Evangelho Quadrangular, como sendo os tais pastores originários da mesma.
Venho apenas deixar claro que de nossa parte, não temos postura contra a referida profissão, ao contrário, temos centenas de advogados, vários promotores e desembargadores em nossa membresia e liderança.
Outrossim, buscamos motivar especialmente nossa juventude a conquistar as melhores profissões, por meio do investimento universitário.
Sem mais. Atenciosamente,
PASTOR PAULO SÉRGIO MOREIRA
Secretário Estadual de Comunicação
Igreja do Evangelho Quadrangular, Curitiba
–RESPOSTA:
Conforme a correspondência mesma afirma, não é citado o nome da Igreja que veta a entrada de advogados em seus quadros. Isso porque, acionada, a igreja evangélica objeto da informação, não se pronunciou. Ficamos, então, com, apenas, o testemunho da ex-crente. Mas a notícia indica, por exemplo, que a igreja que teria ojeriza a advogados, tem o nome de uma ave em sua identidade.
Nada a ver, pois com a Quadrangular.
NÃO ADMITIAM NEGROS
Senhor jornalistas:
O senhor e outros tantos estão admirados que essa Igreja evangélica de Curitiba vede a seus membros terem registro na OAB. Pois muito mais grave que isso foi a existência, até o início dos anos 1970, na nação “mais avançada do mundo” – pelo menos materialmente -, os Estados Unidos, abrigar e deixar funcionar igreja que vedava acesso a seu ministério a homens negros ou de origem índia. Isso aconteceu com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons).
Por sinal, os Mórmons têm em Curitiba um dos 5 templos (muito mais do que meros locais de reuniões religiosas, para eles) existentes no Brasil.
Os Mórmons começaram nos E.Unidos, no século 19, princípios. O fundador da Igreja foi Joseph Smith.
MICHAEL MCDOWEE FOSTER, Boston, Estados Unidos.
ESCRAVIDÃO PEGOU TODOS
Senhor Aroldo:
Vetar advogados em quadros de membros de uma igreja é um absurdo, hoje e em qualquer tempo.
Mas muito pior que isso – infinitamente pior – foi a forma como o cristianismo acolitou a escravidão. No Brasil, nos Estados Unidos, nas Américas, com o patrocínio das grandes nações europeias da época escravagista, seres humanos foram vendidos, separados dos seus, tratados como objetos, feridos e mortos, física e psicologicamente. E tudo, é claro com as bênçãos até da Igreja Católica.
Alguém ignora que no Brasil, por exemplo, ordens religiosas – jesuítas, franciscanos, carmelitas – tinham milhares de escravos?
E para ir mais adiante, é só ler nas Escrituras para entender que nem na Israel bíblica a escravidão deixou de existir. Lá ela atingia preferencialmente prisioneiros de guerra.
Paulo, o apóstolo, por exemplo, nas suas cartas, encarava como fato ‘natural’ a existência de escravos. A favor dos quais não se colocou em nenhum momento, ao que se saiba.
MARCO ANTONIO NOGUEIRA, teólogo, São Paulo
(correspondências para a coluna: aroldo@cienciaefe.org.br)