quinta-feira, 26 dezembro, 2024
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Do Leitor: estão semeando o quê?

Auxílio moradia aos membros do Sistema Jurídico Institucional, quando falta dinheiro para reconstruir e equipar nossas escolas, e até para a merenda escolar!

A maioria dos membros do Sistema Jurídico Institucional tem consciência das carências e das necessidades da parte mais pobre da nossa sociedade, no entanto, nem se importam com isso. Até alegam que – para que o Judiciário possa tomar qualquer decisão, ele precisa ser “provocado” –; ora, para provocar o Judiciário a se manifestar em defesa dos interesses de qualquer pessoa ou de grupos, é necessário pagar um advogado. É aqui que a maioria da sociedade simplesmente já é descartada. Isto é simplesmente vergonhoso – a sociedade paga caro por um Sistema Jurídico Institucional e, essa mesma sociedade na sua maioria, nunca pode utilizar os serviços dessa Instituição.

E para piorar tudo isso, enquanto Educação e Saúde Públicas vivem problemas crônicos por falta de dinheiro, esse mesmo Sistema Jurídico Institucional, sem a menor sem-cerimônia abocanha mais dinheiro a título de, indiscriminadamente, dar um “auxílio moradia” para todos os seus juízes, promotores e desembargadores – mesmo para os que têm moradia própria!

E como conseguem isso? Com a conivência dos outros poderes políticos – executivo e legislativo; mesmo contra a reação da sociedade indignada!

Qual a saída, se os que fazem as leis, os que aplicam as leis e os que arrecadam o dinheiro do povo, têm interesses corporativistas intimamente interligados?

A paciência do cidadão espoliado vai se esvaindo… Até quando?

Até quando o cidadão não mais acreditar em seus representantes parlamentares, posto que estes, além de não fazerem nada para mudar essa situação, pelo contrário, também são beneficiários pela permanência do status quo.

Vai chegar um momento quando, sem outra saída, surgirá uma proposta viável para mudar o status quo, e o cidadão espoliado não pensará duas vezes.

E não precisará ser uma revolução armada, como aconteceu na Rússia Soviética. Quando o povo começar a sair às ruas…

Ou ainda, de forma mais inteligente, quando o povo começar a se organizar em Conselhos de Políticas Públicas Setoriais – expressão de um novo modelo de relação entre Estado e sociedade –, os velhos políticos do status quo, surpresos, descobrirão que foram marginalizados pela sociedade. Agora, ela mesma assumirá suas funções políticas e determinará os rumos de uma Democracia Direta, não mais representativa.

Quem viver verá!

PAULO EUGÊNIO M. ANUNCIAÇÃO
FÍSICO, Prof. Universitário aposentado. Cidadão indignado! – CURITIBA

(correspondências para a coluna: aroldo@cienciaefe.org.br)

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