segunda-feira, 2 dezembro, 2024
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De como um empreendedor muito simples que criou Centro Universitário modelar

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Assis Gurcacz e o filho, Assis Marcos

Não se fazem mais pioneiros como Assis Gurcacz, um empreendedor, parte significativa do grupo que ‘abriu’ Cascavel, e cuja escolaridade não o fez passar do primeiro ano fundamental.

Hoje, o dono de uma história fantástica, Assis pode se orgulhar sobretudo da FAG, o grande centro universitário, modelar, com campus enorme, em Cascavel. A FAG que vai se notabilizando por investimentos enormes em pesquisas.

Assis Gurcacz será um dos personagens do Vozes do Paraná 6, meu livro, que será lançado em 18 de agosto, no Palacete Vila Sophia (Rua Mateus Leme esquina de Barão de Antonina).

A seguir, uma amostra do perfil desse personagem quase lendário, com partes de entrevista que consta de Vozes 6:

1 – O senhor literalmente abriu estradas?

Com minhas próprias mãos. Tive que abrir três estradas: não me restou outra alternativa. Ou era isso ou não saía do lugar. Fui até o Inda (antigo Instituto de Desenvolvimento Agrário), em Francisco Beltrão, e um engenheiro me disse que tinha trator e motoniveladora, mas não tinha combustível nem gente pra operar esses equipamentos. Levei a questão ao então prefeito de Cascavel, Odilon Reinhardt, que se prontificou a colaborar apenas com o combustível. Foi o que bastou. A comida a Nair fazia e levava pra nós no trecho. Era um serão só. Pra se ter uma ideia, era preciso soltar foguete da direção para onde a gente queria abrir a estrada pra conseguir se localizar. Um capuchinho de Capitão Leônidas Marques – não me recordo do nome dele – ajudou muito nessa tarefa.

2 – E depois dessa estrada?

Terminei Cascavel/Capitão Leônidas Marques e fui conversar com o Otaviano da Rosa, da Sulamericana para tratar da compra de dois ônibus deles – que de tão usados estavam até encostados – para fazer os 68 quilômetros do trecho. Fazia duas viagens por dia e dormia em Capitão, novamente para não viajar vazio. Dava quatro horas de viagem. Saía de manhã para Cascavel, chegava na hora do almoço e voltava para Capitão às 16h. A essa altura já tinha – precisava mesmo ter – motoristas para os outros dois carros. Já era o Fulano de Tal!

3 – Qual foi o segundo trecho rodoviário aberto pelo senhor?

Foi o de Aparecidinha, hoje Boa Vista da Aparecida. O mesmo prefeito que me ajudou no primeiro trecho não tinha interesse na obra porque passava dentro da propriedade de um amigo dele e que era muito bravo. Dessa vez ele não quis colaborar com o combustível para as máquinas. Então, fui conversar na laminadora que ficava na região e que, como eu, via necessidade na abertura da estrada. Como pelo menos o prefeito me deu autorização para abrir o trecho, pedi ao pessoal da laminadora que entrasse com o combustível. Pois não é que eles não só colaboraram com isso como se ofereceram para custear todas as outras despesas?

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O campus da FAG em Cascavel

Sobre o Ensino Superior:

Outro trecho do peerfil de Assis contém respostas às minhas indagações sobre como nasceu a FAG:

4 – Como nasceu a FAG?

Nasceu do receio que o ensino superior oferecido por Cascavel envergonhasse o município. É que tínhamos seis faculdades de fundo de quintal, montadas por pessoas que só pensavam em faturar, em prejuízo da qualidade da formação. Daí, em 1997, surgiu a ideia. Os primeiros cursos (Educação Física, Pedagogia e Comunicação Social) foram abertos em 1999. O Greca (Rafael Greca, então ministro do Esporte) foi na inauguração e conheceu nosso projeto arrojado, de elevar o nível das faculdades que realmente tivessem interesse em educação superior e fechar as caça níqueis.

5 – O que é, hoje, a FAG?

(Quem responde é o filho mais novo do empresário, Assis Marcos) São faculdades isoladas a um passo de se tornarem Centro Universitário e que oferecem os melhores cursos nas áreas de Ciências da Saúde (menos Odontologia) e também de Exatas (com todas as engenharias, por exemplo). A direção está a cargo de Sérgio de Angelis (ex-PUC/PR, indicado pelo então reitor Ivo Clemente Juliato) e da Jaqueline (sua irmã e com formação em Administração e Direito). São 12 mil alunos.

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Irmão Clemente Ivo Juliatto, ex-reitor, da PUCPR

6 – Qual o diferencial da instituição?

(Assis Marcos continua respondendo, em auxílio ao pai) O foco na formação dos alunos e também nas pessoas que vão demandar os serviços profissionais deles. Assim implantamos as Clínicas FAG, um conjunto de serviços de saúde que atende sem custos e mais rápido do que se fosse necessário o deslocamento para Curitiba ou outro centro. (O pai continua) O Centro de Reabilitação é um exemplo. Em 2 anos resolveu todos os problemas dos moradores de 102 municípios das regiões Oeste e Sudoeste. Há seis anos prestamos o atendimento em órteses e próteses e, de três anos pra cá, também fabricamos essas estruturas. O que era terceirizado hoje é produzido pela própria FAG. E na área de obesidade, o paciente passa por pelo menos seis ou sete meses de preparação (psicológica e orientações sobre nutrição e atividade física) antes de se submeter à cirurgia.

7 – Quando foi aberto o Hospital São Lucas?

Foi há mais ou menos 3 anos, quando o compramos de um grupo de médicos.

Era pequeno e o transformamos numa estrutura para 180 leitos. Atende 70% de pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) e tem o que de mais moderno em equipamentos há no mundo. Tem também a função de hospital escola.

8 – Somente a Saúde tem destaque no futuro Centro Universitário?

Agronomia também é um caso à parte. Graças a uma parceria com a Massey, do Rio Grande do Sul, montamos um barracão que reúne o que de mais moderno e completo há de ferramental e de simuladores. Só existe outra estrutura semelhante na própria empresa. Os profissionais que sairão da FAG conhecerão o manejo de todos esses equipamentos, na prática, antes de começarem efetivamente a trabalhar. Também damos lugar de destaque à pesquisa com óleo vegetal, que já está resultando em produção de pequena escala mas que será industrializado. O projeto foi desenvolvido por professores e alunos.

9 – Como é a estrutura de que fazem parte esses serviços diferenciados?

A FAG funciona numa área fechada de 24 alqueires, dentro da própria cidade, onde estudam 12 mil alunos. É o bairro FAG. São seis prédios de quatro andares que, em breve, serão dez. São 14 mil metros de área construída em cada prédio, que têm auditórios próprios para 200 pessoas.

No centro administrativo dispomos de um outro, bem maior, para mil pessoas. Temos estações de rádio (interna) e TV. Tudo isso é movimentado por mais de 400 professores e 71% deles são mestres e doutores.

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