
Assessoria
“Se estivesse vivo, Darwin diria que estamos vivendo o ‘darwinismo corporativo’, em que o mais bem adaptado prevalece”, afirmou Alberto Roitman, chief chaotic officer na Escola do Caos e consultor de treinamento e desenvolvimento de pessoas há 25 anos. Mas como se adaptar a essa atual e acelerada realidade mutacional na escala de poder das empresas? O especialista, formado em direito e pós-graduado em marketing e administração e que já atuou em grandes companhias como Citibank e ABN Amro Bank, exemplificou alguns dos fatores durante a palestra “Tendências e Futuro da Aprendizagem nas Organizações”, apresentada terça-feira (10), em Curitiba, no Grupo de Pessoas e Culturas (PCG – do inglês People and Culture Grup), iniciativa do World Trade Center (WTC) Curitiba, Joinville e Porto Alegre.
Segundo Roitman, para a eficaz adequação das organizações no decorrer deste século 21, especialmente após uma realidade pandêmica mundial, é preciso estimular funcionários, gestores e as próprias empresas a provocarem rupturas, reinventarem seus mercados e construírem o futuro hoje, a partir de um caos ressignificado – conceito de liderança e inovação apresentado por ele na Escola do Caos, que atua em mais de 150 empresas.
“Um levantamento mundial, divulgado no Fórum de Davos de 2021, revelou que 57% das pessoas entrevistadas não acreditam mais no modelo hierárquico. 62% acham que as empresas erraram em não se reinventar e 78% entendem que seus líderes não são inspiradores.” Isso gera o conceito ‘the great reset’ (grande reinicialização). Para ele, também é necessário o chamado protagonismo esclarecido, onde todos os colaboradores podem liderar, com maior visibilidade do accountability (a responsabilização, vestir a camisa da empresa).
RESSIGNIFICAÇÃO DE CARREIRAS
O segundo indicador interessante na compreensão deste cenário, conforme Roitman, vem da Microsoft Work Index 2021, chamado de ‘the great resignation’ (a grande resignação). “Muitas pessoas pediram demissão e foram para casa, abriram as próprias empresas ou partiram para outras empreitadas. 40% da força global de trabalho está pronta para pedir demissão, 54% se dizem cansados e 39% querem ser mais autênticos no trabalho. Nesse sentido, o uso da palavra ‘performance’ ganha outros sentidos, como de um ator que interpreta um papel na empresa, não sendo quem ele é de fato. Isso leva a um processo de atenção crônica às oportunidades.”
ANTECIPAÇÃO AO “ZEITGEIST”
Roitman ressaltou ainda que o grande exercício que deveria ser feito pelas empresas é o de se antecipar ao próximo ‘zeitgeist’ – termo alemão que define o espírito de um tempo, ou sinal dos tempos. Segundo ele, é preciso maturidade e lucidez aos gestores. “Nesse momento de indefinições sobre trabalho remoto ou presencial, é preciso refletir se vale ou não a pena ter uma sede física, por exemplo, mas sempre levando em conta a realidade e a cultura de cada organização.”