Assessoria – A capital do Paraná foi escolhida para participar de um estudo internacional que pretende dar uma nova esperança para adolescentes diagnosticados com esquizofrenia ou transtorno bipolar. Estes pacientes tendem a ter um ganho de peso bastante acentuado em decorrência do medicamento Olanzapina, um dos mais utilizados no tratamento dessas doenças. Isso acaba acarretando mais problemas psicológicos e até o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas. Para chegar a uma solução, um laboratório americano está testando um novo composto que deve minimizar e até eliminar esses efeitos.
Segundo estimativas da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) aproximadamente 8 milhões de pessoas têm a doença crônica no Brasil, que representa uma das principais causas de incapacitação quando não tratada. Já a esquizofrenia, que atinge cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil, é considerada a terceira maior causa de perda de qualidade de vida entre a população jovem, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
“A Olanzapina é um antipsicótico bastante utilizado, que já tem sua segurança e eficácia comprovada, mas infelizmente tem esse efeito colateral bastante severo: o ganho de peso significativo. Poder realizar esse estudo significa uma esperança muito grande para esses pacientes, já que outros estudos semelhantes em pacientes adultos mostraram eficácia e são vendidos comercialmente nos Estados Unidos”, afirma Luiz Fernando Petry, médico psiquiatra pesquisador da Trial Tech, empresa curitibana responsável pelo estudo na capital paranaense.
O especialista ainda afirma que o ganho de peso induzido por medicamento é um grande problema pois pode acarretar em adesão reduzida, descontinuação do tratamento e exposição a riscos graves de longo prazo relacionados à obesidade que podem reduzir a expectativa de vida. “No caso dos adolescentes foi constatado que o ganho de peso é significativamente maior do que o observado em adultos Portanto, há uma necessidade não atendida de uma medicação com eficácia ideal para a população pediátrica com um risco reduzido de ganho de peso”, explica o Dr. Petry.
Em Curitiba, a Trial Tech abriu o recrutamento de pacientes. Podem se inscrever participantes do sexo masculino ou feminino com esquizofrenia, de 12 a 17 anos de idade, ou transtorno bipolar, de 10 a 17 anos de idade. A inscrição é feita pelo responsável através do telefone (41) 99206-1583 ou pelo email contato@trialtech.com.br e a validação da participação acontece após a triagem dos candidatos.
O laboratório estrangeiro que está patrocinando este estudo terá a participação de cerca de 220 crianças e adolescentes com esquizofrenia ou transtorno bipolar em todo o mundo. No Brasil, além de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza estão credenciadas para participar. São 13 vagas no total. Austrália, Argentina, Colômbia, Malásia, México e Estados Unidos da América também estão participando.
Como funciona o estudo?
Na prática, o estudo é dividido em três períodos: triagem, tratamento e acompanhamento. Durante cada um deles, o paciente tem pelo menos uma visita com o médico no centro do estudo.
A visita de triagem tem o objetivo de determinar se o candidato atende aos requisitos para participar deste estudo. Caso o retorno seja negativo, o médico do estudo explica o motivo e discute outras opções de tratamento. Se o médico do estudo determinar que o paciente tem as condições necessárias para participar, o adolescente selecionado recebe o tratamento durante 52 semanas, que consiste em tomar um comprimido, uma vez ao dia, durante este período.
Durante todo o estudo, o participante terá acompanhamento médico e de segurança através de exames e procedimentos: Exame físico e neurológico, coleta de história médica, aferição de pressão e temperatura, eletrocardiograma, exames laboratoriais (sangue e urina), entrevistas e questionários e orientações comportamentais sobre ganho de peso. Todos os procedimentos serão feitos na Trial Tech e não terão custo ao participante da pesquisa. Também serão custeados os gastos com transporte do participante e seu acompanhante.
“Após o término do período de tratamento, o paciente pode decidir em entrar no período de acompanhamento de segurança de quatro semanas ou ser incluído no estudo de extensão de segurança, que poderá durar até 52 semanas”, afirma o Dr. Petry.
O processo de recrutamento já está aberto e tem previsão para que seja finalizado em agosto de 2025. No entanto, este processo pode se encerrar a qualquer momento pois o laboratório aprovou apenas 13 pacientes para o Brasil. Após o final do estudo, caso mostre eficiência, o remédio deve ser comercializado, e o paciente participante recebe o medicamento gratuitamente enquanto houver benefício clínico.