segunda-feira, 16 junho, 2025
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Conversa nas Horas Zagas: Ninguém a tira de você!

Zaga MattosTudo começou como começam as paixões. Pegou-me desprevenido e me fez virar a cabeça. Desse jeito. Sem tirar, nem por. Ia passando, daquela maneira de quem não quer nada com nada, apenas passeando. Pela transparência de uma vitrine a vi pela primeira vez. As luzes da loja deram a ela um brilho invulgar. Sem igual!. Naquele momento quase não consegui vencer a voz da razão, porém não atendi aos apelos do coração. Fui em frente levando comigo aquela imagem inesquecível.

Outra paixão havia me abandonado recentemente, deixando um vazio em minha vida. Não percebi, porém, que sua partida representara o fim daquela sensação de liberdade a que eu estava acostumado. Cedi e fui à busca dessa nova conquista. Um dia a reencontrei.

Ah, não me desapontou! Os amigos viam-na comigo e eu sentia nos olhares uma ponta de inveja. Abaixavam os olhos sem conseguir disfarçar o que pensavam: tem razão de estar satisfeito com essa. É realmente linda!

Aquele mas, parceiro indesejável dos sentimentos, também começou a rondar por aqui. A paixão inseparável dos meus passeios pelas praias transformou-se em companheira das minhas horas de não ter o que fazer, do circular de lá pra cá. Senti que ali estava mais uma etapa do incontrolável processo das razões do coração. Virou amizade! Uma amizade forte. Companheira mesmo!

Aí o mas fez mais uma das suas. Resolveu colocar suas manguinhas de fora. Eu, que gostava tanto de seu perfume, percebi que ela era como tantas outras… Já não deixava nos rastros o seu cheiro. Perdera o viço. Relevei. Afinal, como em tantas outras paixões, o tempo faz o brilho da chama transformar-se no calor que nos faz sentir bem. É a largueza tão característica da amizade.

Comecei a lembrar de nossos primeiros dias. Tempos em que eu acreditava naquilo que me diziam: essa ninguém tira de você… Nem que a deixe pelos cantos… Ela vai estar sempre perto da sua cama… Será a sua companheira no sofá, na hora de ver o futebol na TV…

Assim, a primeira parte do não há bem que sempre dure acabou marcando presença em nossas vidas. Realmente, ninguém a tirou de minha vida. Ela mesma se afastou de mim. Sem as tiras!

Vou ter que procurar outra havaiana!

*Zaga Mattos é autor do livro “Memórias de um boêmio de chinelos! Pedido de livro: Whatsapp 47-99925-6161 ou e-book na Amazon. Luiz Gonzaga de Mattos, é jornalista “curitibano-barriga verde” e escritor. Cronista do cotidiano e da boemia, também faz as tirinhas e charges da home do Mural do Paraná – desde os tempos do Blog do Aroldo Murá.

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