𝙋 – 𝘿𝙚𝙛𝙞𝙣𝙖 𝙤 𝘼𝙢𝙤𝙧
𝙍 – 𝙊 𝘼𝙢𝙤𝙧 é 𝙪𝙢𝙖 𝙛𝙡𝙤𝙧 𝙧𝙤𝙭𝙖 𝙦𝙪𝙚 𝙣𝙖𝙨𝙘𝙚 𝙣𝙤 𝙘𝙤𝙧𝙖çã𝙤 𝙙𝙤𝙨 𝙩𝙧𝙤𝙪𝙭𝙖𝙨.
Sem dúvida, este era o trending topics dos cadernos de confidências dos meus tempos de adolescente. Lembra-se deles? Também conhecido como Caderno de Espicula.
Essa modalidade de comunicação foi febre numa época em que o ensino médio de hoje era conhecido como Ginásio. Você saía do grupo escolar, onde aprendia no curso primário as primeiras letras e aritmética. Na passagem para o ginásio havia uma espécie de vestibular pelas cidades do interior do estado: o exame de admissão. Eu cheguei até fazer cursinho preparatório, que era ministrado por um professor do Ginásio, que aumentava sua renda mensal com as aulas particulares.
Aprovado e matriculado, ouvi falar de disciplinas que me pareciam estrambóticas. O Latim, principalmente. Dele só conhecia o 𝘌𝘵 𝘤𝘶𝘮 𝘴𝘱𝘪𝘳𝘪𝘵𝘶 𝘵𝘶𝘰 em resposta ao 𝘋𝘰𝘮𝘪𝘯𝘶𝘴 𝘷𝘰𝘣𝘪𝘴𝘤𝘶𝘮 dito pelo padre da pequena igreja onde minha mãe, com sua bela voz, cantava no coro. Na aula ouvíamos, atentos, o professor recitar o “rosa, rosa, rosae… rosarum”. Nunca consegui entender aquela ladainha do mestre.
Mas tudo isso não era nada diante da mais nova descoberta: conheci o caderno de confidências! Uma das meninas da sala me entregou com a frase seca: responda tudo!
Nome completo. Idade. Qual seu signo. Para qual time você torce. Cor preferida. O que é o Amor. Tem namorada/o… e tantas outras indagações.
Quando estava no segundo ano um fato mostrou-me que estava errado na resposta que mais chamava a atenção dos confidentes. Vamos a ele:
Numa manhã, na saída do Ginásio, vinha todo frajola ao lado da menina que era a sensação da escola. Para dizer pouco vou falar um detalhe que diz tudo sobre ela: era a baliza no Sete de Setembro, com aquela meia rede preta! Estava me sentindo o rei da cocada. Nesse enlevo, caminhando ao lado dela, nem notei a caixa de luz que havia num poste em frente da pracinha.
Embevecido com a companhia da menina acabei metendo a cabeça na saliente caixa de metal. Foi esta, com certeza, a minha primeira dor de amor. E tive uma repaginada naquela definição do caderno de espiculas: para mim, o Amor foi, na realidade, aquela mancha roxa que me apareceu na testa.
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*Zaga Mattos é autor do livro “Memórias de um boêmio de chinelos! Pedido de livro: Whatsapp 47-99925-6161 ou e-book na Amazon. Luiz Gonzaga de Mattos, é jornalista “curitibano-barriga verde” e escritor. Cronista do cotidiano e da boemia, também faz as tirinhas e charges da home do Mural do Paraná – desde os tempos do Blog do Aroldo Murá.