terça-feira, 9 dezembro, 2025
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Como usar o 13º salário de maneira inteligente?

AssessoriaA data final para os trabalhadores receberem a segunda parcela do 13º salário é 20 de dezembro. Mas para que esse “dinheiro extra” não vire uma dor de cabeça, ele deve ser utilizado com inteligência e não em compras impulsivas ou desnecessárias.

“O 13º não é um ‘bônus’ e sim uma parte do salário que chega concentrada no fim do ano. Em um cenário de juros ainda elevados, essa quantia precisa ser tratada como recurso estratégico e não para consumo imediato”, explica o especialista em Finanças e diretor de Operações do Centro Universitário Integrado de Campo Mourão, Alan Sales da Fonseca.

O alerta ganha ainda mais relevância com a inadimplência do país. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de famílias com algum tipo de dívida a vencer chegou a 79,5% em outubro. Dessas, 30,5% têm débitos em atraso e 13,2% afirmam que não conseguirão pagar o que devem.

Erro mais comum x mapa de prioridades

O erro mais comum, segundo o especialista, é utilizar o dinheiro como sendo “extra” e gastar com presentes, festas e viagens sem considerar dívidas ou contas típicas do início de ano como IPTU, IPVA, matrícula e material escolar.

No entanto, quando o trabalhador usa o 13º para ‘blindar’ essas contas, ele entra em janeiro e fevereiro com muito mais tranquilidade. “A função do 13º salário deve ser a de proteger o orçamento e reduzir a dependência ao crédito. Antes de tomar qualquer decisão, responda três perguntas básicas: Quanto eu devo?; Quais são minhas principais contas de início de ano?; Tenho alguma reserva para emergências?”, enfatiza.

Com esse ‘mapa’ em mãos, é possível definir prioridades para organizar dívidas caras (cartão de crédito, cheque especial, crédito pessoal); reservar uma parte para as despesas já previstas no início do ano; e se sobrar, construir ou reforçar uma reserva financeira.

Dívidas e negociação

Para Fonseca, a aplicação mais inteligente do 13º salário é no combate às dívidas de juros altos. “Especialmente cartão de crédito rotativo, cheque especial e empréstimos pessoais. Financeiramente, essa atitude é equivalente a um investimento de alto retorno onde o trabalhador ‘ganha’ a taxa de juros exorbitante que deixará de pagar”, detalha.

O especialista ainda destaca que a renda extra pode ser uma ‘poderosa moeda de negociação’. “Quando a pessoa chega ao banco ou ao credor dizendo: ‘Tenho X reais para pagar à vista se me derem desconto’, ela muda o jogo. A dica é não ter medo de pedir redução nos juros, multas, encargos e sempre solicitar a simulação por escrito antes de fechar o acordo”, enfatiza.

Proporções e prioridades

Embora não exista uma regra única para dividir o 13º salário, Alan Sales da Fonseca oferece uma referência que pode ser adaptada à realidade de cada um:

  • Para quem está bastante endividado: 60% a 80% para dívidas caras; 10% a 20% para gastos de início de ano; e 10% para iniciar uma reserva de emergência.
  • Para quem tem dívidas sob controle: 40% a 50% para reduzir dívidas; 20% a 30% para despesas sazonais; e 20% a 30% para poupança/investimentos.
  • Para quem está com as contas equilibradas: 30% a 40% para objetivos de médio prazo (viagem, curso); 30% a 40% para investimentos; e 20% a 30% para consumo planejado.

“Mais importante que a proporção exata é a intencionalidade: o 13º salário deve ter destino definido antes de cair na conta. Quando o dinheiro entra sem plano, ele some. Quando entra com propósito, ele vira ferramenta de melhora de vida”, ressalta.

E para quem está com tudo em dia?

Para aqueles que estão com as finanças organizadas, o 13º salário deixa de ser uma ‘tábua de salvação’ e se transforma em uma alavanca para o futuro. Nesse caso, o diretor de Operações do Centro Universitário Integrado indica quatro caminhos promissores:

  1. Reforçar a reserva de emergência: essa proteção contra imprevistos evita o retorno ao crédito caro.

2. Investir em si mesmo: cursos, certificações e cuidados com a saúde são vistos como investimento em “capital humano”.

3. Construir patrimônio de longo prazo: aplicar em previdência ou outros investimentos para garantir autonomia financeira no futuro é uma ótima alternativa.

4. Planejar lazer, sem culpa: destinar uma parte para o lazer, uma experiência em família ou um passeio, mas de forma controlada, e não impulsiva.

“Para quem está equilibrado, o 13º não é só um alívio de fim de ano; é uma alavanca. Pode aproximar objetivos, fortalecer segurança financeira e, ao mesmo tempo, proporcionar qualidade de vida”, complementa Alan Sales da Fonseca.

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