Um auditório praticamente lotado acompanhou no sábado o evento sobre Experiência de Quase Morte promovido pelo Instituto Ciência e Fé na Escola de Enfermagem Catarina Labouré, em Curitiba. Três médicos e um sacerdote expuseram suas visões sobre o controvertido tema, que tem sido objeto de estudos constantes, especialmente a partir da década de 1970. O psiquiatra Dagoberto Requião fez um testemunho emocionado sobre sua própria experiência, acontecida no período em que ficou vários dias numa UTI por conta de um infarto, ressaltando a mudança de visão de mundo que o fato lhe provocou.
2 -UMA VISÃO MAIS KARDECISTA
Seguiu-se exposição do cardiologista Laércio Furlan, que discorreu sobre as diferentes explicações a respeito do fenômeno das EQMs, apresentando especialmente as pesquisas dos espiritualistas que as estudam como manifestações da existência de um espírito ligado ao corpo e que sobrevive a ele.
O psiquiatra Carlos Harmath, por sua vez, expôs a visão da ciência tradicional, que considera as EQM como manifestações do cérebro, em contraposição à visão da ciência mais atualizada, influenciada pela física quântica, que reconhece a existência de fenômenos não explicados pela física newtoniana. Ele destacou especialmente um fato que foge do alcance da ciência tradicional, mas constatado nas EQMs: a bilocação – o que acontece quando o paciente relata fatos presenciados fora do local onde esteve durante a EQM, como aconteceu, por exemplo, na experiência contada por Dr. Dagoberto Requião.
3 – PARA RICARDO, “HÁ SÓ MORTE E VIDA”
Apresentando as definições teológicas sobre o tema, falou o padre Ricardo Hoeppers. O sacerdote explicou que a teologia não considera a “quase morte”, mas apenas a vida e a morte. Entretanto, há relatos antigos sobre pessoas que, em vida, tiveram uma visão do mundo pós-morte. Hoeppers citou especialmente o caso de Túndalo, cavaleiro medieval cujo relato sobre uma visão do “lado de lá” teve grande repercussão na época, influenciando inclusive Dante Alighieri na produção da sua opera magna “A Divina Comédia”.
A plateia acompanhou atentamente as quase três horas de exposição, que geraram algumas perguntas e testemunhos dos presentes. Ao final, restou a certeza de que tema tão rico e controverso merece ser tratado em novos encontros.
