Assessoria – De acordo com dados divulgados pela Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Curitiba tem um déficit habitacional de mais de 90 mil moradias. Segundo a pesquisa, 43.461 famílias vivem em alguma das 322 favelas espalhadas pela capital paranaense e outras 7.400 famílias moram em um dos 93 loteamentos irregulares da cidade.
O estudo mostra ainda que existem 58.781 famílias na fila de uma casa popular da Cohab, destacando a urgência da demanda por moradias na cidade. Parlamentares paranaenses lutavam há meses pelos números atualizados e reclamavam do “sumiço” dos dados referentes ao caos habitacional na capital paranaense. Em 2023, o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil) chegou a protocolar um expediente oficial à Prefeitura de Curitiba solicitando informações referentes a quantidade de favelas e loteamentos irregulares existiam na capital. O pedido nunca foi respondido. Além disso, o parlamentar apresentou um Projeto de Lei, que está tramitando na Assembleia Legislativa, que estabelece que todos os municípios tornem público os números referentes a filas por moradias.
“A pesquisa revela uma Curitiba que poucos conhecem e demonstram uma falta de gestão competente e eficiente por parte da Prefeitura. É preciso promover a melhora das condições de vida das famílias com maior grau de vulnerabilidade social, levando mais dignidade, oportunidade e esperança de uma nova vida, de um novo futuro para quem realmente precisa”, destaca o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil).
Para a pesquisadora e psicóloga Julia Caetano, especialista em habitação e Coordenadora do Centro Estadual de Defesa dos Direitos Humanos das Populações em Situação de Rua e Catadora de Materiais Recicláveis, o município de Curitiba, o estado do Paraná e o governo federal têm falhado, sistematicamente, em prover respostas as questões habitacionais. “Não se trata de ignorância, desconhecimento da realidade: consiste, de fato, em necropolítica e aporofobia. As pessoas ricas continuam acessando créditos imobiliários para a compra de imóveis, enquanto uma parcela enorme da população sequer consegue pagar o aluguel”, comenta.
Segundo a especialista, a sociedade e poder público tem como foco central uma política de assistência social, que atua de maneira paliativa. “O que precisamos, de fato, são de políticas públicas estruturantes e emancipatórias, que assegurem a todas as pessoas o acesso a uma moradia segura e digna. Enquanto o poder público não entender isso e nós, enquanto sociedade, não demandarmos do Estado a efetivação do direito à moradia, continuaremos a nos espantar com dados como esses apresentados pelo recente estudo da Companhia de Habitação do Paraná”, argumenta Julia.
De olho no caos social gerado por problemas habitacionais, entre eles o aumento da violência e falta de estruturas básicas da área do transporte, saúde e educação, Ney Leprevost, em parceria com o também deputado Delegado Jocovós (PL), protocolou na Alep um projeto de lei criando a Política Estadual de Desenvolvimento Urbano e Socioeconômico de Favelas, inspirado no Projeto Favela 3D desenvolvido pelo Instituto Gerando Falcões. “O projeto de lei busca o desenvolvimento humano integral e a promoção da cidadania por meio de tecnologias inovadoras em equipamentos, moradia e estrutura comunitária que têm o poder de transformar as favelas em espaços dignos para os moradores”, completa Ney.